CRISE CLIMÁTICA

Declaração da Juventude de BH propõe ações para promover justiça climática

Recomendações extraídas de debates e oficinas da Local Conference of Youth (LCOY) incluem ações ambientais, sociais e educativas

terça-feira, 16 Setembro, 2025 - 20:30
parlamentares e participantes presentes em audiência pública na câmara municipal de bh

Foto: Cristina Medeiros/CMBH

Jovens participantes da Local Conference of Youth (LCOY) 2025, realizada em mais de 100 cidades pelo mundo no contexto preparatório para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), apresentaram, nesta terça-feira (16/9), na Câmara Municipal, a Declaração da Juventude de Belo Horizonte, construída coletivamente nas oficinas do evento. O documento foi lido diante de gestores públicos, estudantes e entidades ligadas ao tema em audiência da Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor. As vereadoras Luiza Dulci (PT), Iza Lourença (Psol) e Juhlia Santos (Psol), conselheiros e gestores da Prefeitura de Belo Horizonte ligados à temática parabenizaram o engajamento na causa e defenderam a institucionalização da escuta e participação efetiva das juventudes na construção de políticas públicas e na tomada de decisões sobre questões ambientais e sociais. Estudantes lotaram dois plenários da Câmara e foi preciso revezar a presença.

As contribuições da juventude belo-horizontina à discussão sobre "justiça climática" - o reconhecimento de que os impactos da crise climática afetam desproporcionalmente comunidades mais vulneráveis - foram apresentadas por jovens coordenadores de projetos sociais, ativistas climáticos e integrantes do Conselho Municipal de Juventude que participaram da Local Conference of Youth (LCOY) 2025. A capital mineira foi uma das sete cidades do país a receber o evento, organizado pela Youngo, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Luiza Dulci (PT), requerente do encontro com outros sete parlamentares, saudou o grande número de estudantes do Cefet-MG e de escolas municipais que compareceram presencialmente. “Nada mais importante que ouvir a juventude, que são o presente e o futuro do nosso país, do nosso planeta, como preparação para esse evento importante que o país vai sediar em novembro”, celebrou Luiza Dulci.

Focada nos temas Educação, Biodiversidade e Transição Justa, a Declaração da Juventude de Belo Horizonte, lida no início da reunião pela coordenadora local do LCOY, Marina Paixão, traz propostas a serem consideradas na elaboração e implementação de políticas ambientais, urbanísticas e sociais nos territórios da cidade. O pedido para trazer o documento a público na Câmara, segundo os propositores da audiência, teve o objetivo de "construir pontes" entre os jovens, o poder público e a sociedade civil, e debater possíveis "desdobramentos legislativos" das propostas, garantindo que sejam efetivamente consideradas.

Presente e futuro

Juhlia Santos se disse "emocionada" com o comprometimento dos jovens belo-horizontinos e classificou como “um momento histórico” a construção coletiva desta Declaração da Juventude, “fruto do diálogo, do estudo e principalmente da vontade de transformar”. A parlamentar destacou a defesa da produção e consumo sustentáveis incluída no documento.

“Quando li a carta eu vi ali a força de uma geração que não aceita mais ser apenas espectadora do processo, exige seus direitos políticos, participar de discussão de temas que os impactam diretamente. Essa carta é um chamamento e guia à ação”, elogiou.  

As vereadoras reforçaram a importância da prefeitura "ouvir as juventudes" sobre questões locais envolvidas na crise climática, como mobilidade urbana e estruturas políticas, territoriais e sociais da cidade. Nesse sentido, defenderam o apoio ativo a projetos voltados ao tema, como o da tarifa zero nos ônibus de BH, que trará benefícios sociais e também ambientais ao estimular o uso do transporte coletivo.

Alinhamento de pautas

Além da coordenadora do LCOY BH e das delegadas Bianca Gonçalves Gea, de 17 anos, e Júlia Bonitezzi, de 12, compuseram a mesa Vanessa Santini, da YOUNGO; Lucas Chelala e Vinícius Venades, do Conselho Municipal da Juventude; Julia Kopf, do Conselho Nacional; Beatrice Weber, da Rede Desajuste – Economia fora da curva; Adriano Ventura, ativista ambiental da equipe da deputada estadual Ana Paula Siqueira (PT-MG); e Natália Tsuiama, da ONG Engajamundo. Representando a prefeitura de BH, Laura Costa, diretora de Políticas para a Juventude; Julio Fessô, diretor de Vilas e Favelas; Ana Paula Oliveira Marques, gerente do Clima; e Dani Silva Amaral, coordenador adjunto de Mudanças Climáticas.

Os participantes elogiaram o evento, que coloca os jovens "no centro da discussão sobre o clima", e a dinâmica de elaboração das propostas nas oficinas, onde os eles, distribuídos em grupos temáticos, puderam opinar nos trabalhos uns dos outros, garantindo a consideração de diferentes realidades sociais e territoriais, faixas etárias e ocupações dos participantes; adaptando soluções nacionais e internacionais aos cenários e demandas de BH.

As delegadas destacaram a receptividade à participação de crianças e adolescentes no debate e a percepção dos problemas gerados pela desigualdade social, das deficiências na educação climática desse público, especialmente os mais excluídos, além da importância de promover uma "transição justa", cobrando os custos dos gestores públicos e privados. Estudantes que estavam na plateia confirmaram que os jovens querem ser "levados a sério" e inspirar ações concretas do poder público.

A prefeitura assegurou o alinhamento da gestão às pautas do clima, destacando que a capital saiu na frente na institucionalização dessa política. Ana Paula Marques, representante do Executivo, afirmou que várias ações previstas na política municipal “dialogam muito com essa carta, e a grande discussão é como fazer”, já que implicam mudanças do senso comum, como a preferência pelo asfalto. A priorização, segundo ela, parte da demanda, da pressão e do controle social, e deve se tornar uma política de Estado, e não de governo. Dani Amaral, coordenador adjunto de Mudanças Climáticas, concordou que é preciso renovar os comitês, realizar reuniões com maior participação popular, acelerar ações e articular todas as áreas da administração pública nos projetos transformadores da PBH.

“Com instituições fortes, universidades, escolas interessadas, economia criativa e solidária e cena cultural vibrante, BH tem tudo para ser referência climática no país, enfrentando de forma inovadora e participativa problemas como mobilidade, saneamento, resíduos, qualidade do ar”, afirmou Chelala.

Para o presidente do Comjuve, o LCOY não é só um evento, e sim um "processo" que permite aos jovens influenciarem a pauta, as metas, o orçamento da cidade, enviar demandas e cobrar. Julio Fessô convidou estudantes e entidades a participar da "COP das Quebradas", promovida pela Diretoria de Vilas e Favelas, que acontecerá nos dias 3 e 4 de outubro.

“Aula de cidadania”

Antes d e encerrar a reunião, as vereadoras reafirmaram que a abertura do poder público à escuta da juventude e os trabalhos de educação e convencimento devem ser contínuos, propagados em todos os espaços. “Precisamos reconhecer e incluir os quilombos urbanos e povos indígenas 'engolidos' pela cidade na discussão climática, na revisão do Plano Diretor, na construção das políticas públicas, incidindo efetivamente sobre as decisões”, reforçou Jhulia Santos, convidando os presentes a visitar esses territórios.   

Luiza Dulci afirmou que os estudantes deram uma “verdadeira aula de cidadania”, e sugeriu a eles que divulguem a Declaração da Juventude de BH e o vídeo da audiência pública em suas escolas e comunidades, e que se engajem em entidades, organizações e partidos; organizem grêmios ou diretórios. “A política precisa de mais pessoas como vocês”, concluiu.

Superintendência de Comunicação Institucional

Reunião para debater o tema "Juventudes e Justiça Climática: apresentação e debate da Declaração da Juventude de Belo Horizonte". Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor