Comissões locais cobram construção e reforma das Academias da Cidade
Representante da PBH afirma que o principal gargalo para viabilizar as unidades é a falta de terrenos

Foto: Tatiana Francisca/CMBH
“Passados 15 anos, a gente está nessa penúria, tentando forçar a conquista de uma proposta que já tinha sido aprovada”, lamentou Neide Pacheco, liderança da Regional Oeste, em audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (17/9). O encontro, requerido pelos membros titulares do colegiado, buscou discutir a construção e a reforma das Academias da Cidade, equipamentos integrantes da rede de atenção primária do Sistema Único de Saúde na capital. Representantes das comissões locais dos centros de saúde declararam faltar investimentos em promoção e prevenção em saúde, e reivindicaram a implantação das Academias da Cidade já aprovadas no Orçamento Participativo. O Plano Municipal de Saúde 2022-2025 e o Painel do Orçamento Participativo preveem a implantação de pelo menos dez unidades. Dr. Bruno Pedralva (PT), um dos solicitantes do debate, disse que se reunirá com o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira, no dia 30/9; e realizar "uma rodada de visitas técnicas" a terrenos propostos para a construção das Academias da Cidade na capital.
Luta unificada
Dr. Bruno Pedralva afirmou que a audiência pública visava "unir forças para conseguir dialogar com a Prefeitura de Belo Horizonte e conquistar o máximo possível de academias”. O vereador destacou a importância das Academias da Cidade inclusive para o tratamento de doenças mentais.
“A Academia da Cidade salva vidas. Inúmeros relatos se somam às evidências científicas de que fazer atividade física em ambiente coletivo diminui, sim, o risco cardiovascular, mas também melhora dores crônicas e, muitas vezes, ajuda a combater a depressão, ansiedade, tristeza, além de criar vínculos sociais”, declarou Bruno.
O parlamentar ainda afirmou que, há cerca de 12 anos, Belo Horizonte “estacionou a política das academias”. Segundo ele, a PBH estaria "devendo" à capital pelo menos 14 Academias da Cidade já aprovadas no Orçamento Participativo. Dr. Bruno Pedralva questinou os representantes da prefeitura sobre o prazo para construção das academias aprovadas; a possibilidade de inclusão de mais unidades reivindicadas pela população; e se há um cronograma de reforma das academias que estão em "situação precária".
Falta de recurso humano
Representantes das comissões locais dos centros de saúde também ressaltaram a importância das Academias da Cidade, colocando esses instrumentos como "fundamentais para prevenção em saúde". Os presentes apontaram os problemas enfrentados, e cobraram da PBH a construção de novas unidades. Outro ponto destacado foi a falta de profissionais. Presidente da Comissão Local do Centro de Saúde Miramar, Jadir Leandro Ferreira destacou que a população da capital está envelhecendo, e que as Academias da Cidade são parte da atenção primária. Para ele, além do espaço, é preciso "recurso humano" para atender as unidades.
Atualmente, já tem a equipe multiprofissional lá no centro, que faz vários trabalhos, só que tem um detalhe. Alguns profissionais têm carga horária dividida com outros centros de saúde. Então é importante a gente pensar na academia, e pensar em cobrar da Secretaria Municipal de Saúde a questão dos recursos humanos”, declarou Jadir.
Problemas com o terreno
Problemas com os espaços destinados às academias, muitas vezes emprestados ou pequenos para atenderem à demanda, foi outro ponto levantado pelos representantes das comissões de saúde. Presidente da Comissão Local do Centro de Saúde Maria Goretti Ipê, Rosangela Pascana contou que a unidade foi unificada ao Centro de Saúde Maria Goretti, aumentando a demanda e gerando, segundo ela, "uma fila de espera enorme". Ela relatou ainda que o centro de saúde do bairro Maria Goretti chegou a ser vistoriado para abrigar a academia, mas a unidade foi transferida para que o espaço se tornasse centro de castração na Região Nordeste. “Arrumamos outros espaços e sempre encontramos entraves para poder 'colocar' essa academia”, disse Rosangela.
Assessora do deputado federal Rogério Correia (PT-MG) e liderança na Regional Oeste, Neide Pacheco declarou que a população está em uma “batalha difícil para fazer com que a prefeitura cumpra com seu compromisso com as comunidades". Neide relatou o caso do Conjunto Betânia, "uma luta de 15 anos”, que teve seu projeto arquitetônico aprovado em 2016 pela comunidade, mas o terreno "foi perdido". Agora, os moradores da região aguardam a construção do centro em outro espaço. Segundo Neide, mais de 100 usuários já estariam na fila de espera para serem atendidos. Usuária do Centro de Saúde Gentil Gomes no bairro Santa Cruz, Regina Rodrigues contou que o espaço utilizado por eles na Avenida Bernardo Vasconcelos era emprestado e foi retomado pelo proprietário. Segundo ela, o novo local não comporta a demanda, e os usuários aguardam decisão judicial sobre o local para realizar as atividades da Academia da Cidade. “Então fica aquele negócio de vai, não vai”, lamentou Regina.
Posicionamento do poder público
Respondendo aos questionamentos realizados, o diretor de atenção primária da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Ewerton Lamounier Junior, afirmou que o órgão está sempre "monitorando" as academias. Com relação à falta de profissionais de saúde, o diretor esclareceu que foi feita uma "readequação do RH", e que as equipes estão sendo ampliadas. “Nós estamos já no início de 42 equipes de Saúde da Família”, disse Ewerton. A respeito do número de pessoas em lista de espera, Anelise Prates, responsável pela gestão das Academias da Cidade na SMSA, declarou que nem todas as unidades trabalham com lista de espera e que, por este motivo, não possuem o dado. Anaelise afirmou ainda que o Ministério da Saúde não tem aberto possibilidade para o pleito de recursos para a construção de novas academias, e que o que pode ser feito é um "aporte maior" para ajudar o Município nesta construção.
Gerente de Manutenção da SMSA, Marcell de Andrade Olivier esclareceu a situação de cada uma das Academias da Cidade já aprovadas no Orçamento Participativo, e disse que o "grande gargalo" é viabilizar o terreno. Segundo Marcell, as Academias Floramar, Tirol/Itaipu, Santa Mônica e Conjunto Betânia já possuem locais disponíveis, e o processo de construção do projeto será iniciado na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). As demais unidades apresentaram problemas com os espaços indicados para implantação e precisam de "outros trâmites". Sobre as academias não citadas no Orçamento Participativo, o gerente da SMSA declarou que não há previsão para construção.
Encaminhamentos
Dr. Bruno Pedralva anunciou que se reunirá com o secretário unicipal de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira no dia 30/9, para, segundo o parlamentar, “discutir, saber desses passos todos e ver o que a gente consegue priorizar”. O vereador afirmou ainda que será enviado um pedido de informação à Secretaria Municipal de Saúde para que obter, formalmente, os dados apresentados pela Gerência de Manutenção da SMSA. Por fim, Dr. Bruno Pedralva disse que será realizada uma rodada de visitas técnicas aos locais que estão como propostas de terreno, para "buscar avançar" no processo de construção.
Superintendência de Comunicação Institucional