SAÚDE PÚBLICA

Moradores do Paulo VI e região cobram atendimento de saúde em duas unidades

Reivindicação vem com anúncio da PBH de que atendimentos do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro serão transferidos para nova sede

quarta-feira, 14 Abril, 2021 - 17:45

Foto: Karoline Barreto/CMBH

A transferência do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro, localizado no Bairro Paulo VI, para uma nova sede, que está em fase final de construção e funcionará na Rua Três mil e setenta e quatro, 555, no mesmo bairro, é objeto de críticas da comunidade local. Usuários da unidade a ser fechada reclamam da falta de diálogo da Prefeitura com a comunidade e alegam que os serviços básicos de saúde precisariam ser ampliados com a manutenção dos dois centros em atividade. Moradores da região dizem que foram informados que o local onde atualmente funciona o Centro de Saúde Marivanda Baleeiro poderá vir a ser transformado em um espaço da Prefeitura para a prática de exercícios físicos. A questão foi debatida, nesta quarta-feira (14/4), em audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento requerida pela vereadora Bella Gonçalves (Psol), que informou que irá acionar a Prefeitura e apresentar requerimentos com o intuito de buscar que a demanda da população seja atendida pelo poder público. O Executivo, apesar de convidado, não compareceu à audiência.

Prefeitura será questionada

De acordo com Bella Gonçalves, serão apresentados requerimentos questionando a Prefeitura quanto à falta de diálogo com a comunidade, à dificuldade de acesso à nova unidade de saúde, bem como solicitando que os dois centros se mantenham em funcionamento na região, que, segundo a parlamentar, tem experimentado expansão no número de pessoas que lá residem. A expectativa é que os requerimentos venham a ser apreciados pela Comissão de Saúde e Saneamento já em sua próxima reunião ordinária, em uma semana. 

O presidente da Comissão de Saúde e Saneamento, vereador Dr. Célio Frois (Cidadania), assim como Bella Gonçalves, afirmou que irá entrar em contato com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, e, se necessário, com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) para apresentar a demanda dos usuários pela manutenção das duas unidades em funcionamento.

Usuários querem duas unidades

A usuária do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro, Emília Elídia dos Santos salientou que a demanda da comunidade é pela inauguração da nova unidade e pela manutenção da atual. De acordo com ela, pessoas doentes teriam dificuldade para se locomover até o novo centro de saúde. Ela destaca que não haveria transporte público suficiente para a locomoção até a unidade básica cuja construção está para ser finalizada. Ainda segunda Emília, mesmo que haja adequação das linhas de ônibus, nem todos os pacientes teriam condições financeiras de arcar com o preço das passagens. A usuária também afirma que faltou diálogo da Prefeitura com a comunidade, uma vez que, segundo ela, os moradores só ficaram sabendo que o Centro de Saúde Marivanda Baleeiro seria fechado “em cima da hora”. Ela explicou que o risco de contágio pelo novo coronavírus dificulta a realização de reuniões para que usuários tratem do tema, contudo, ela garante que “se precisar, a gente vai pra rua sim (reivindicar), mesmo em tempo de pandemia”.

A representante do Conselho Municipal de Saúde, Carla Anunciatta, reivindicou que a Prefeitura respeite a voz das comissões locais de saúde, pois, de acordo com ela, são os moradores que conhecem as reais necessidades de cada região. Ela defendeu que os serviços básicos de saúde sejam distribuídos entre o Centro de Saúde Marivanda Baleeiro e a nova unidade em construção, garantindo atendimento a todos os usuários da localidade.

Foco na atenção primária

O médico Bruno Pedralva acredita que é possível manter as duas unidades em funcionamento sem ampliação relevante de gastos para a Prefeitura. “No máximo contas de água e luz (teriam acréscimo)”, destacou. Bruno também argumentou que em todos os países do mundo onde o sistema público de saúde funciona, como na Inglaterra, em Cuba e no Canadá, a atenção primária representa o núcleo central do sistema. Ainda segundo ele, apesar dos avanços ocorridos em Belo Horizonte, a cidade precisaria ter, de acordo com critérios do Ministério da Saúde, 720 equipes de Saúde da Família em atividade, mas o número atual não chega a 600. O médico também explicou que dos 40 centros de saúde construídos pela PBH na atual gestão municipal, apenas dois são acréscimos; os demais são substituições a unidades já existentes.

O ex-vereador Edmar Branco indaga como as pessoas poderiam arcar com o dinheiro das passagens de ônibus para se locomoverem até a nova unidade de saúde se muitas famílias do Bairro Paulo VI têm dificuldades financeiras até para se alimentarem. Branco também acredita que o encerramento dos atendimentos no endereço onde atualmente funciona o Centro de Saúde Marivanda Baleeiro poderá levar a um aumento da procura por assistência médica na UPA da região. Ainda de acordo com ele, haverá manifestação popular para que sejam mantidos os dois centros de saúde em funcionamento.

Diálogo com a população

José Ferreira (PP), vice-presidente da Comissão de Saúde e Saneamento, também defendeu que a comunidade local se manifeste pela manutenção de duas unidades de saúde na região e cobrou mais diálogo por parte da Prefeitura com a comunidade.

Cláudio do Mundo Novo (PSD), que integra a Comissão de Saúde e Saneamento, também se disponibilizou a contribuir com os usuários na busca pela manutenção dos dois equipamentos de saúde. Assim como os demais participantes da audiência, ele cobrou que a PBH dialogue com a população.

Em nota enviada à Superintendência de Comunicação Institucional da Câmara de BH, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o Centro de Saúde Marivanda Baleeiro não será fechado, apenas transferido para a nova sede, que está em fase final de construção e funcionará na Rua Três mil e setenta e quatro, 555, no Bairro Paulo VI.

De acordo com a PBH, o local foi aprovado como prioridade dentro do grupo de 40 novas sedes de unidades de saúde em Belo Horizonte que estão sendo construídas via parceria público-privada (PPP). O Executivo também explica que, além da inauguração da nova sede com estrutura física mais adequada para atendimento, haverá ampliação do número de equipes de Saúde da Família, de cinco para seis. A íntegra da resposta da PBH pode ser acessada aqui.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir sobre a desativação do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro, localizado no bairro Paulo VI. 11ª Reunião Ordinária - Comissão de Saúde e Saneamento