SEGURANÇA NA FOLIA

Carnaval 2019 registrou redução em diversos índices de violência

No entanto, em análise qualitativa, gestores municipais destacaram a gravidade de ocorrências como espancamento

segunda-feira, 25 Março, 2019 - 19:15
Parlamentares e convidados compõem mesa de reunião

Foto: Karoline Barreto/ CMBH

Com espaço consolidado entre as maiores festas de todo o país, o Carnaval de Belo Horizonte registrou, em 2019, quase 600 blocos de rua, distribuídos em todas as regiões da cidade, atraindo milhões de foliões de vários pontos do país.  Conforme dados da Belotur, a festa apresentou um crescimento de mais de 13% em relação ao ano passado. Em balanço positivo, a quantidade de crimes praticados parece ter reduzido, segundo notificações contabilizadas pela Polícia Militar. O planejamento de segurança articulado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte esteve em debate pela Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, em audiência pública realizada na tarde desta segunda-feira (25/3).

Diretora do Centro de Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), Georgia Ribeiro contou que o planejamento de segurança para o Carnaval 2019 foi feito de forma multidisciplinar e esforços de servidores em diferentes órgãos para escalas de plantões de monitoramento. A gestora explicou que, assim que definidas datas, horários e trajetos dos cortejos dos blocos, assim como posicionamento dos palcos de shows, as informações eram repassadas e articuladas junto à Polícia Militar, a Guarda Municipal e a BHTrans, a fim de garantir os melhores esquemas de segurança para os foliões. Foram previamente definidos também os órgãos de apoio e encaminhamento para casos como violência contra a mulher ou atendimento à criança e ao adolescente.

Ribeiro destacou que o COP contou com uma sala de vídeo-monitoramento em tempo real e canais de comunicação direta com plantonistas nos locais dos eventos. Questionada sobre os três homicídios noticiados durante o carnaval, a gestora afirmou que “a nossa expectativa é sempre de que a festa transcorra sem ocorrências graves. E nos preocupa e entristece o que houve”, garantindo que agora é hora de avaliar as medidas tomadas, o que funcionou e o que precisa ser aperfeiçoado.

Redução nos números

Em índices gerais, no entanto, a Polícia Militar afirmou que foi percebida a redução de crimes como ameaça, dano e estupro, este em cerca de 25%. Também os roubos teriam diminuído em 40%. Já os registros chamados “vias de fato”, que envolvem brigas sem maior gravidade, teriam aumentado em 9%.

“Quantitativamente, a violência parece ter diminuído, mas qualitativamente, é preciso pensar”, alertou Georgia Ribeiro, pontuando que o fato de uma pessoa ter sido espancada até a morte durante o carnaval, em plena luz do dia, aponta para algum ímpeto e tolerância das pessoas à violência que pode ser preocupante. “Foi muito abuso de bebida alcoólica e muitos casos de agressões contra a mulher. O que merece a nossa atenção”, pontuou.

Questionada sobre um possível homicídio que teria ocorrido na Praça da Estação, a Polícia Civil explicou que ainda não há indicações de assassinato. O órgão afirmou que foi encontrado um cadáver de mulher, de cerca de 35 anos, mas o laudo inicial da perícia e dos médicos não teria percebido sinais de violência.

Postura policial

Tenente Coronel da Polícia Militar, Micael Henrique Silva contou que houve apenas uma ação da PM para dispersão massiva de pessoas, o que ocorreu na Praça Sete (região central da cidade), quando, segundo ele, os policias foram recebidos por foliões com “garrafadas e pedradas” e reagiram. O policial destacou que a PM buscou atuar preventivamente durante o carnaval, tendo apreendido 67 armas de fogo entre os dias 1º e 6 de março, e realizado 203 ocorrências ligadas ao comércio e porte de drogas.

Questionado pela vereadora Bella Gonçalves (Psol) sobre a denúncia de censura aplicada pela PM durante o desfile do bloco Tchanzinho Zona Norte, realizado na noite do dia 1º de março, no Bairro Dona Clara (Pampulha), o policial contou que o local não está em sua área de atuação, mas defendeu a atuação da PM como medida preventiva. A expectativa seria evitar conflitos entre foliões com posicionamentos políticos divergentes. Naquela data, a organização do Tchanzinho Zona Norte denunciou que o capitão Lizandro Sodré, do 13º Batalhão, teria subido no trio elétrico e falado aos integrantes que não poderiam seguir com as manifestações políticas, enquanto o bloco se posicionava contrariamente ao presidente Jair Bolsonaro e em favor do ex-presidente Lula.

Pedro Bueno (Pode) e Pedro Patrus (PT) também manifestaram suas preocupações com as práticas de censura, afirmando que a manifestação política é um direito constitucional e deve ser garantindo, inclusive, pelas forças de segurança. Jair Di Gregório (PP) também reconheceu o caráter político do carnaval, afirmando que a manifestação política deve estar presente em todo lugar, mas elogiou a atuação da PM, de maneira geral, pontuando a importância das ações preventivas. Mateus Simões (Novo) destacou a importância de se fazer um balanço geral da festa, destacando que a redução da violência diante do aumento de foliões parece ser um bom indicador.

Subsecretário de Direito e Cidadania, Thiago Costa afirmou que a expectativa da Prefeitura é melhorar o planejamento de segurança a cada ano, destacando algumas das ações já desenvolvidas em 2019 como medidas preventivas. De acordo com o gestor, foram credenciados 10,4 mil ambulantes, que receberam treinamento específico sobre combate ao trabalho infantil, o que teria reduzido a presença de crianças no comércio de bebidas durante a festa. Ainda, o subsecretário destacou campanhas de enfrentamento à exploração sexual infantil, realizadas em bares e hotéis, e atividades de capacitação com guardas municipais e outros agentes, abordando temas como atendimento à mulher, população LGBTIQ+ e preconceito racial.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para fazer um balanço do planejamento de segurança para o Carnaval 2019 da cidade de Belo Horizonte- 5ª Reunião Ordinária- Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor