DIÁLOGO COM A CÂMARA

Prefeitura responde questionamento de vereadores sobre a pandemia

Apesar da ampliação de leitos e da aquisição de equipamentos, mais de 200 pessoas esperam por vagas em UTIs na capital

quarta-feira, 31 Março, 2021 - 19:45

Foto: Abraão Bruck/CMBH

Mais de 200 pessoas esperam por vagas em UTIs na capital. O número é um dos efeitos da pandemia do novo coronavírus em Belo Horizonte e foi informado nesta quarta-feira (31/3) pelo secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado, em audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal. Mesmo com as medidas tomadas pela Prefeitura, como a criação de 243 leitos de UTI apenas neste mês de março, o sistema de saúde da capital enfrenta grandes desafios para lidar com o alto número de contaminados pela doença, que já levou à morte 3.202 pessoas na cidade. Durante a audiência em que o gestor respondeu a perguntas dos parlamentares, foram apresentadas medidas que a PBH vem tomando para evitar a propagação do vírus e garantir o tratamento de infectados. De acordo com Jackson Machado, apesar de abrir leitos de UTI e enfermaria, contratar mais profissionais, adquirir insumos, implementar medidas de isolamento social, a solução para a grave crise pandêmica só virá quando houver vacinas suficientes. O secretário afirma, contudo, que, diante da falta do imunizante no Brasil e no mundo, não é possível estabelecer datas para que isso ocorra, mas afirmou que a Prefeitura está em negociação com diversos produtores de vacina com o intuito de adquiri-las para não depender mais exclusivamente do fornecimento de imunizantes pelo governo federal.

Vacina para profissinais da saúde

O presidente da Comissão de Saúde e Saneamento, Dr. Célio Frois (Cidadania), solicitou ao secretário que priorize os profissionais de saúde na vacinação contra a covid-19, uma vez que este grupo está mais exposto ao vírus e é ele quem garante atendimento à população da capital nos diversos equipamentos públicos e privados. Em sua pergunta, o parlamentar também criticou o governo federal, que, de acordo com ele, não se planejou e não teve competência para assegurar as vacinas necessárias à população.

O secretário explicou que o Município não tem autonomia para definir quem será vacinado, pois segue, rigorosamente, o programa nacional de vacinação, que é definido pela União. De acordo com o secretário, é o Ministério da Saúde que informa qual a porcentagem de doses recebidas em cada remessa da vacina que poderá vir a ser destinada ao pessoal da área da saúde.

Jackson Machado também atentou para o fato de que a população de profissionais de saúde de Belo Horizonte é muito expressiva, sendo equivalente a duas vezes a população total do município de Nova Lima. Diante do grande número de trabalhadores da saúde que atuam na capital, da quantidade reduzida de imunizantes repassada pelo governo federal e em decorrência do fato de o Ministério da Saúde ser o responsável por determinar a quantidade de doses que pode ser destinada aos profissionais de saúde a cada nova remessa, a vacinação de todos os trabalhadores da área ainda não pôde ser completada.

Idosos e pessoas com deficiência

A Prefeitura também informou que até agora 86.109 trabalhadores da saúde receberam a 1ª dose e 67.606 pessoas desse grupo já foram imunizados com a 2ª dose. Já entre profissionais e moradores de institutos de longa permanência para idosos, residências inclusivas e residências terapêuticas foram 6.530 vacinados com a 1ª dose e 11 com a 2ª. O maior contingente de vacinados até agora corresponde ao dos idosos de 69 anos ou mais. Já foram vacinados 168.120 idosos com a 1ª dose e 25.729 com a 2ª.

O secretário também respondeu a questionamento da vereadora Professora Marli (PP) acerca dos prazos para vacinação de pessoas com deficiência e de pessoas com doenças raras. Conforme Jackson Machado, não há como dizer quando estas pessoas serão vacinadas, uma vez que não é possível para a secretaria saber quando o Ministério da Saúde encaminhará vacinas para Belo Horizonte e nem quantas vacinas chegarão a cada remessa.

Conversas com laboratórios

Para garantir agilidade na vacinação dos belo-horizontinos, o secretário de Saúde informou que a PBH vem conversando com diversos laboratórios que produzem imunizante contra o novo coronavírus. Segundo ele, as conversas mais promissoras estão sendo realizadas, atualmente, com a Fiocruz, que produz a vacina Oxford/AstraZeneca. A Fundação assegurou à Prefeitura que teria condições de entregar as vacinas sete dias após a assinatura do contrato de compra. O Executivo aguarda, contudo, que haja disponibilidade de entrega por parte da Fundação Oswaldo Cruz e que as vacinas adquiridas com recursos municipais possam ser utilizadas apenas em Belo Horizonte, sem que haja necessidade de repassar parte dos imunizantes para o governo federal.

Ainda a respeito da compra de vacinas, o secretário respondeu a questionamento do vereador Braulio Lara (Novo) que quis saber se a intenção da Prefeitura de adquirir imunizantes por conta própria não seria dispensável, tendo em vista que, de acordo com ele, em poucos meses o governo federal disponibilizará a quantidade necessária de vacinas para imunizar a população de BH.

A esse respeito, o secretário afirmou que o investimento em vacinas se paga rapidamente, uma vez que, com a imunização ampliada, serão necessários menos leitos para tratamento de doentes e, portanto, ocorrerão menos dispêndios na área da saúde. Além disso, o secretário afirmou que é difícil acreditar que o cronograma de vacinação anunciado pelo governo federal será mantido, tendo em vista que já foi alterado diversas vezes. O secretário também salientou que a economia só voltará ao normal com a vacinação da população e que, portanto, o governo federal deveria ter se dedicado mais à compra de vacinas.

Renda emergencial

Bella Gonçalves (Psol) e Iza Lourença (Psol) defenderam a implantação pela PBH de uma renda emergencial para a população em situação de vulnerabilidade de modo a garantir que esse segmento tenha acesso ao mínimo necessário para manter-se em isolamento durante a pandemia. Bella afirmou, ainda, que a cidade de Belém, que detém menos recursos que Belo Horizonte, instituiu uma renda desse tipo. De acordo com a parlamentar, pelos menos 78 mil famílias precisariam receber essa renda emergencial em BH.

O secretário de Saúde afirmou que gostaria de ver a renda emergencial instituída por entender que tal auxílio traria impacto positivo no combate à pandemia. Ele afirmou, contudo, que não cabe à sua pasta decidir sobre o tema.

Transporte público

O secretário de Saúde, ao responder a questionamento de Nikolas Ferreira (PRTB) a respeito do funcionamento do transporte público durante a pandemia, afirmou que os ônibus são, sim, locais de contaminação. De acordo com Jackson Machado, foi elaborado um protocolo para que houvesse apenas um passageiro em cada assento e nenhuma pessoa em pé. Contudo, ele afirma que, devido a uma questão de logística das empresas, não foi possível a implantação.

Ele explicou, ainda, que a aglomeração dentro dos ônibus é um fator de risco para a contaminação, mas que não há como limitar o acesso das pessoas ao transporte público. O secretário lembrou também que foi colocado álcool em gel nas estações, além de ser exigido o uso de máscara para entrar e permanecer nos ônibus. Jackson Machado também defendeu que a quantidade de ônibus em circulação não deve ser restringida e lembrou que muitos trabalhadores da área da saúde dependem do transporte público para chegar ao local de trabalho.

Enfrentamento da pandemia

A Prefeitura destacou que além de ter criado 243 leitos de UTI no mês de março, ampliando para 526 a quantidade de leitos de UTI covid-19 na capital, abriu 398 leitos de enfermaria neste mês, aumentando a oferta de leitos de enfermaria covid para 1.175. Além disso, 53% das internações em leitos de enfermaria e de UTI na Santa Casa e no Hospital Odilon Berens são de pacientes com covid-19. Já o Hospital Metropolitano Celio de Castro foi destinado, a partir deste mês, para internações relacionadas exclusivamente à covid-19.

Além disso, neste mês, nove centros de saúde, um em cada regional, passaram a funcionar 24 horas para atendimento de casos que não estejam relacionados ao novo coronavírus. A Prefeitura também ampliou, em março deste ano, o número de leitos de urgências nas UPAs de 42 para 84. Já o número de respiradores disponíveis nas Unidades de Pronto-Atendimento passou de 44 para 78. A Secretaria de Saúde também informou que de abril a dezembro do ano passado já foram investidos R$ 606 milhões no enfrentamento à covid-19.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para debater o avanço da pandemia de COVID-19 em Belo Horizonte - 9ª Reunião Ordinária - Comissão de Saúde e Saneamento