ESPORTE

População reclama de abandono das pistas de skate da cidade

Em audiência pública, o secretário de Esportes anunciou reforço na iluminação de quatro áreas destinadas à prática

quarta-feira, 16 Abril, 2025 - 16:15
Vereadores e convidados assentados no Plenário Helvécio Arantes durante audiência pública. O telão atrás deles mostra apresentação.

Foto: Tatiana Francisca/CMBH

A Secretaria Municipal de Esportes deverá percorrer as cerca de 15 pistas públicas de skate que Belo Horizonte possui para verificar suas condições e necessidades. O anúncio foi feito pelo chefe da pasta, o ex-vereador Rubão, durante audiência realizada na manhã desta quarta-feira (16/4) pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo. O encontro, solicitado por Pablo Almeida (PL), reuniu representantes da Prefeitura, vereadores de diferentes partidos, atletas e lideranças comunitárias para discutir as condições das pistas e pensar soluções para o fomento do esporte na cidade. Assessores da secretaria disseram ainda que quatro pistas da cidade terão a sua iluminação incrementada ainda este ano. Representantes de entidades e dos atletas cobraram maior transparência do Executivo sobre o assunto, pediram mais investimentos na área e defenderam que apenas construir pistas não seria o suficiente, solicitando um projeto mais conectado com as necessidades dos skatistas.

Maioria dos espaços estaria abandonada

De acordo com os participantes da reunião, Belo Horizonte conta com cerca de 30 espaços destinados à prática do skate, mas cerca de 98% deles estariam em situação de abandono ou com uso comprometido por falta de estrutura, iluminação ou segurança.

O secretário municipal de Esportes, Rubão, afirmou que há intenção por parte da prefeitura de avançar no diálogo e atender as demandas apresentadas. “Vamos priorizar a iluminação de três, quem sabe quatro pistas em áreas abertas. Precisamos ouvir vocês para entender o que está acontecendo. Em muitos casos, o poder público não tem esse conhecimento direto”, declarou.

Praticantes pedem mais do que obras

O skatista Leandro Boss, idealizador do projeto Skate do Bem, fez críticas à falta de transparência sobre reformas e restrições de uso. “O Viaduto Santa Tereza foi tomado pela criminalidade. Dizem que vai ter obra, mas nada começa. A guarda está lá, mas ninguém explica o que será feito no Parque Maria do Socorro”, afirmou. Ele também sugeriu que a prefeitura permita o uso noturno dos parques por meio de listas com atletas federados.

Outro participante, o skatista Carlos Alexandre, conhecido como Cascão, destacou a importância de pensar a estrutura a partir da realidade do esporte. “Hoje temos diferentes modalidades. Não adianta fazer uma pista sem consultar quem entende. Não acaba quando a pista é entregue. Se não houver continuidade, vira ponto de consumo de drogas”, disse.

Membro da Federação Mineira do Skate, Renato de Oliveira Viana (Japão) lembrou que BH não tem pista de padrão olímpico, nem na modalidade park, nem street. O esportista ressaltou que o Bolsa Atleta é importante, mas que é preciso viabilizar também locais de treinamento. Além disso, seria importante verificar as empresas que constroem as pistas, para que não haja desperdício de dinheiro. "Como a (pista) que foi construída no Parque São João Batista, onde tem uma rampa de frente para um muro. Ninguém usa”, ressaltou, dizendo que o skate de BH está pedindo socorro.

O vereador Pablo Almeida relembrou seu histórico com a prática e afirmou que a intenção é transformar as reivindicações dos adeptos do esporte em projetos de lei e ações concretas. “Dos 14 aos 16 anos, o skate foi uma forma de me afastar das redes sociais, fazer amigos e crescer socialmente. O esporte movimenta milhões, e BH precisa acompanhar esse crescimento”, destacou. Segundo ele, a segurança pública e a limpeza nas pistas serão reforçadas pelo Legislativo. “Também fizemos uma indicação para permitir o acesso de atletas aos parques fora do horário padrão, especialmente em épocas de campeonato", disse.

Fernanda Pereira Altoé (Novo) relembrou esforços anteriores para garantir recursos às pistas. “Fiz um remanejamento de R$ 5 milhões para as pistas, mas foi negado. Infelizmente investimos muito em ônibus e pouco em esporte”, afirmou. Ela também mencionou ações pontuais, como a revitalização da iluminação no viaduto no Bairro Floresta e a destinação de R$ 500 mil para a pista do Parque Lagoa do Nado.

Destinação de verbas

O secretário da pasta de Esportes disse que irá buscar recursos próprios e em Brasília para atender às solicitações, mas ressaltou que as verbas são escassas, sendo importante a destinação de emendas por meio dos parlamentares. O diretor de planejamento da secretaria, Fabiano Sena, reconheceu a ausência de emendas específicas para o skate. “É preciso que os vereadores indiquem recursos e que os projetos sejam executáveis”, reforçou. O diretor de obras de infraestrutura da Secretaria Municipal de Obras, Pedro Carlos, informou que, nos últimos dois anos, o órgão recebeu cerca de 594 destinações parlamentares para obras na cidade, e que apenas três delas foram para pistas de skate.

Ao final do encontro, Rubão confirmou que a prefeitura fará uma força-tarefa para visitar as pistas da cidade, e que o a iluminação de quatro delas, em especial as que ficam em espaços abertos, será incrementada.

Assista à íntegra da reunião.

Superintendência de Comunicação Institucional