ÔNIBUS SEM QUALIDADE

Trans Oeste afirma que investiu R$35 milhões na compra de 45 veículos

Novos veículos devem começar a rodar em setembro. Vereadores vão solicitar informações sobre custos da operação

quarta-feira, 9 Agosto, 2023 - 14:00
Imagem de dois ônibus amarelos com portas abertas e motor à mostra, indicando que estão em manutenção

Foto: Claudio Rabelo/CMBH

A empresa Trans Oeste Transportes Urbanos Ltda adquiriu 45 veículos novos que devem começar a circular pela cidade até o fim do ano. A informação foi passada aos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - Ônibus sem Qualidade, durante a primeira visita técnica, realizada nesta terça-feira (9/8), para apurar denúncias acerca das condições dos veículos destinados ao transporte coletivo de passageiros de Belo Horizonte. Os vereadores destacaram que a Trans Oeste é alvo de inúmeras reclamações. Eles querem entender como é o funcionamento da garagem e qual procedimento está sendo adotado agora que as empresas estão recebendo o subsídio do Município. O colegiado percorreu as dependências da garagem, constatou a existência de oito veículos em manutenção e ouviu as alegações do proprietário da empresa, Fabiano Borges. Ao afirmar que todo o sistema passa por dificuldade financeira, o empresário assegurou que a Trans Oeste sobrevive do que arrecada na roleta e que a previsibilidade de receita, garantida por meio do subsídio, vai possibilitar a melhoria do serviço. 

Autora do requerimento e relatora da CPI, Loide Gonçalves (Pode), foi acompanhada pelos vereadores Braulio Lara (Novo) e Wesley Moreira (PP), além do presidente da CPI, Jorge Santos (Republicanos).  Ela explicou que a Trans Oeste (Rua Flor de Pitangueira, 119, Nova Independência), no Barreiro, foi a primeira empresa a ser visitada tendo em vista o grande número de denúncias recebidas pelos parlamentares. “Recebemos denúncias de ônibus sujos, sem ar condicionado, com portas abertas e bancos rasgados, além de atrasos no horário, e vamos verificar a situação dos veículos que estão no pátio. Nosso objetivo é trazer mais conforto para o usuário”, disse Loíde, contando que, além da TransOeste, do Consórcio Dez, o grupo vai apurar a situação dos veículos da empresa BH Leste Transporte, do Consórcio Leste.

Braulio Lara lembrou que uma das condições para continuar recebendo o subsídio da PBH é garantir a qualidade dos serviços. “Recebemos denúncias de ônibus quebrados, cheios, de elevador que não funciona adequadamente. São efeitos do sucateamento da mobilidade urbana na cidade. BH precisa superar isso e a Comissão de Mobilidade da CMBH tem como proposta revisitar o contrato pois, no fim das contas, o usuário - cliente do sistema de mobilidade - tem que ser bem atendido”, afirmou. Braulio assegurou que todas as empresas serão vistoriadas pela CPI, que vai pedir informações sobre custos, padrão de quilometragem, número de passageiros, entre outros. “Queremos saber porque há linhas deficitárias e outras não e por que o sistema não consegue entregar um bom resusltado”, finalizou. 

Avarias e demora

Representante da CRTT, José Márcio mostrou fotografia de cartaz fixado na porta do veículo, que teria saído da garagem nesta terça-feira (9/8), avisando que a porta estava estragada; afirmou que o intervalo entre as viagens chega a 50 minutos e que existem pontos no Barreiro onde não há oferta de ônibus para a população. Liderança comunitária da região, Sapão chamou a atenção para o fato de que a população do Barreiro cresceu muito e há a necessidade de ampliar o número de linhas e reavaliar o itinerário daquelas existentes. “Essa CPI deve levar em conta o crescimento populacional do Barreiro”, pediu. 

Presidente da CPI, Jorge Santos afirmou que a proposta é averiguar as denúncias de má qualidade dos ônibus e solicitou que os responsáveis deem mais atenção aos veículos que deixam a garagem para atender a população. Wesley Moreira concordou com a necessidade de rever o crescimento demográfico da cidade e ajustar o itinerário das linhas de ônibus.

Dificuldades financeiras

Proprietário da Empresa Trans Oeste Transportes Urbanos Ltda, Fabiano Borges confirmou a compra de 45 veículos novos para substituir os mais antigos e afirmou que a expectativa é de que 20 sejam entregues em setembro e 25 em outubro. “Todas as 26 linhas que atendem o Barreiro serão beneficiadas com essa aquisição”, disse. Segundo ele, foram investidos mais de R$35 milhões na compra de veículos modernos e isso só foi possível por causa da previsibilidade de receita que o subsídio traz.  

De forma didática, Fabiano Borges explicou para os visitantes que as dificuldades financeiras do sistema de mobilidade tiveram início em 2018, com a não efetivação do aumento das tarifas, previsto em lei, e que a pandemia agravou a situação. Ele alegou que a Trans Oeste atua em linhas alimentadoras que são menos rentáveis, e que a frota tem em média 7,5 anos de uso, e admitiu que alguns veículos rodam desde 2011. O dono da Trans Oeste se comprometeu a arrumar todos veículos parados o mais breve possível e destacou a relevância do subsídio para manutenção do serviço. De acordo com ele, durante a pandemia, além da perda de receita, as empresas perderam mão de obra qualificada - sobretudo mecânicos - que migrou para as mineradoras e isso acabou impactando no tempo de resposta de manutenção dos ônibus, situação que perdura ainda nos dias de hoje. Ele reconheceu que o atual contrato é ruim para o sistema pois “joga tudo em cima do passageiro” e que a alteração de pagamento por quilômetro rodado é mais eficiente.

Ao garantir que os custos de manutenção do sistema de mobilidade urbana são elevados e que há linhas que dão prejuízo, Borges se comprometeu, a pedido de Braulio Lara, a repassar dados que comprovem a premissa. 

Superintendência de Comunicação Institucional 

Visita técnica para verificar as condições dos veículos destinados ao Transporte Coletivo de Passageiros de Belo Horizonte operados pela Empresa TransOeste Transportes Urbanos Ltda - Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - Ônibus sem qualidade