Central de Abastecimento favorece escoamento de produtos da agricultura familiar
Iniciativa inédita no país é gerenciada por rede de organizações cooperadas. Em visita, vereadores demonstraram apoio
Foto: Bernardo Dias/CMBH
Potencializar a rede de produtores e a comercialização e distribuição dos produtos da agricultura familiar. Este é o objetivo da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar e Urbana (Cafa). Criada em 2019, e desde então, dividindo espaço com o Banco de Alimentos de BH (Rua Tuiuti, 888, Bairro Padre Eustáquio), o equipamento recebeu na manhã desta segunda-feira (25/7) a visita da vereadora Bella Gonçalves (Psol) e do vereador Pedro Patrus (PT), que buscaram entender como a Central atua na rede de abastecimento do Município e assim aprimorar as atividades do Grupo de Trabalho (GT) que atua na fiscalização das políticas públicas relacionadas à segurança alimentar e nutricional na cidade. Durante a agenda, a chefe da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (Susan), Darklane Rodrigues, contou como se deu a implantação do espaço pioneiro no país e reforçou a importância de se continuar investindo em sistemas dessa natureza, que diminuam a distância entre o campo e a cidade. Também a coordenadora da Cafa, Luiza Azevedo Ribeiro, esclareceu os diferentes usos do equipamento, bem como a dinamicidade em seu funcionamento e mostrou parte da diversidade dos produtos que chegam à Central. Ao final do encontro, os parlamentares reconheceram a positividade da experiência e se dispuseram a continuar contribuindo não apenas do ponto de vista orçamentário, mas também com legislações que garantam e ampliem a capacidade do serviço.
Diálogo apontou usos do espaço
Mesmo enxergando no Banco de Alimentos um ator fundamental na política de segurança alimentar de BH, de acordo com Darklane Rodrigues, desde o início do governo, em 2017, percebeu-se que sua estrutura física não vinha sendo utilizada em toda em sua potencialidade. Ainda naquele ano, alterações feitas a partir da Reforma Administrativa contemplaram a possibilidade da abertura do espaço para que no local funcionasse também um entreposto para cooperativas de produtores familiares comercializarem sua produção.
Entre os anos de 2018 e 2019, segundo a subsecretária, uma chamada pública foi então aberta para que as cooperativas apontassem qual o melhor uso do espaço e um termo de permissão de uso foi estabelecido com a cooperativa vencedora do processo, a Rede Sisal. “Fizemos o edital porque queríamos que este entreposto tivesse alimentos da agricultura familiar, agroecológicos, da agricultura urbana, facilitando a logística para os nossos consumidores em BH", explicou a dirigente que lembrou ainda que em função da pandemia da covid-19, em 2020 e 2021 os usos da Cafa precisaram ser remodelados e o local foi utilizado para recebimento e distribuição de cestas básicas.
Caminhão vai e volta carregado
O edital proposto pela Susan reuniu entidades que já tinham algum nível de conversa e organização e a partir de 2020 a Rede Sisal iniciou a gestão da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar e Urbana (Cafa), juntamente com a Cooperativa Camponesa Central de Minas Gerais (Concentra), que é ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Segundo a coordenadora da Central, Luiza Ribeiro, todas as sete organizações atuantes da Cafa têm autonomia para fecharem seus contratos. Ela também explica que, conforme as comercializações vão sendo estabelecidas, o espaço físico vai sendo administrado. O espaço da Central hoje é composto por infraestrutura exclusiva (administração, galpão de armazenagem) e outras compartilhadas (banheiros e auditório). "Por meio das organizações, atuamos em 120 municípios mineiros e temos em torno de 920 famílias envolvidas na rede", contou.
Além do espaço para armazenagem, separação e distribuição do alimento, a Cafa conta com um caminhão com capacidade para 7.5 toneladas, que realiza a busca e a entrega de alimentos em diversas partes do país. Nesta segunda-feira (25/7), o galpão da Central guardava dezenas de pacotes de feijão vindos de Londrina, no Paraná, mas também chegam à BH por meio da unidade, outros itens como café do Sul de Minas; arroz do Rio Grande do Sul, geléias do Norte de Minas e antepastos da Zona da Mata, fazendo com que o caminhão ande sempre carregado de produtos e garantindo que a produção das famílias agricultoras seja escoada.
Segundo Luiza, a além da comercialização feita de forma autônoma pelas organizações, a Cafa vem estabelecendo uma parceria para doações de gêneros alimentícios também ao Banco de Alimentos e a expectativa é que possa haver aumento nestes repasses. " A gente não consegue ainda fazer todo mês (doação) mas já estamos avançando bem em relação a isso", explicou.
Fortalecimento e gargalos
A infraestrutura da Cafa é garantida pela PBH, porém a gestão financeira é feita a partir de recursos próprios da Central. Segundo Bella Gonçalves, a visita ao equipamento foi pensada após a criação do Grupo de Trabalho (GT) da Segurança Alimentar, e o objetivo foi cumprido, pois havia a intenção de conhecer mais sobre o equipamento e saber como ele se insere na política pública municipal. "Fizemos estudos e visitas a diversas cozinhas solidárias; mas achávamos que esta era a mais importante, porque precisamos pensar em como fortalecê-lo (o equipamento) por meio da nossa atuação na CMBH, mas também identificar gargalos para a implementação da política de segurança alimentar na sua totalidade", ressaltou a vereadora lembrando que compras da agricultura familiar, por exemplo, ainda não conseguem ser realizadas pelo Município em sua totalidade.
Além dos questionamentos acerca de como acontece o diálogo entre o Banco de Alimentos e a Cafa, o vereador Pedro Patrus quis saber qual é o tempo determinado para o uso do espaço pela Central. De acordo com a subsecretária, o prazo é de 10 anos, podendo ser prorrogado por mais 10. Ambos os vereadores agradeceram as explicaçõesque lhes foram fornecidas e se comprometeram em contribuir não apenas por meio do ciclo orçamentário, mas também com outras leis ou políticas que possam vir a ser construídas.
Superintendência de Comunicação Institucional