Cadastramento de flanelinhas é discutido na Câmara

Lavadores e guardadores de carros, conhecidos como “flanelinhas”, são encontrados em diversas regiões da capital. Ao procurar vagas para estacionamento em locais públicos, é freqüente que proprietários de veículos se deparem com pessoas que se oferecem para tomar conta do veículo em troca de remuneração.  Freqüentes também são as queixas prestadas pela população sobre a atuação de algumas pessoas. Em função disso, a Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de Belo Horizonte realizou hoje, 13 de agosto, uma audiência pública com autoridades e representantes dos flanelinhas para debater o assunto.

A tentativa de determinados flanelinhas de extorquir dinheiro dos motoristas, para que  possam estacionar seus carros em segurança na via pública, está entre as reclamações da população. “Presenciei, em plena avenida Afonso Pena, homens tentando extorquir R$ 20 dos motoristas que tentavam estacionar os carros para irem a uma festa. Aqueles  que se recusavam a pagar eram vítimas de ameaças e ridicularização ”, afirmou o vereador Hugo Thomé (PMN), presidente da comissão.

Atualmente, existem guardadores e lavadores de carros cadastrados junto às regionais municipais. Eles utilizam colete de identificação e recebem crachá autorizando a atuação como guardadores de carros nas vias públicas. Segundo Aloísio Barra, representante da Regional Municipal Centro-Sul, os profissionais cadastrados atuam de forma voluntária, e podem receber, ao final do serviço, uma gratificação. Ele afirma ainda que a prefeitura mantém convênio com o Centro Universitário UMA para promover a capacitação destes profissionais, e não cobra nenhuma taxa para que os guardadores realizem seus serviços.

A demanda para a regulamentação dos partiu dos sindicatos dos guardadores de carros e também a partir das reclamações da população. O cadastramento dos flanelinhas junto à prefeitura começou em 1993, com o intuito de regularizar a atuação dos profissionais.

Em 1999 teve início uma ação mais efetiva para que os flanelinhas se filiassem à prefeitura, na tentativa de solucionar as queixas da população. “Não significa que todos aqueles que não são cadastrados tenham más intenções em relação aos donos dos carros. Ainda assim, o cadastramento junto à prefeitura, e o uso do colete de identificação faz com que os motoristas se sintam mais seguros ao deixar seu veículo aos cuidados dos guardadores”, ressaltou Aloísio Barra.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Lavadores, Guardadores e Manobristas de Carros (SINTRALAMAC), Martins dos Santos, afirmou que reconhece a importância do cadastramento dos profissionais. De acordo com ele, ainda há relutância por parte de alguns, muitas vezes por falta de informação e dificuldade em obter documentos necessários à obtenção da autorização da prefeitura.

Quanto às tentativas de extorsão, ameaças e danos aos veículos, Hugo Thomé destacou a importância da atuação da Polícia Militar (PM). O tenente coronel do 1º Batalhão de Polícia Militar, Aryone de Almeida Júnior, disse que a Polícia Militar está realizando, desde abril, uma ação articulada com a prefeitura e as regionais para inibir a ação de guardadores em situação irregular e pessoas que tentam cometer infrações junto aos motoristas. “Desde o início da operação, a taxa de arrombamentos e danos a veículos diminuiu em 40% na região central de Belo Horizonte”, explicou.

O tenente coronel ressaltou que a polícia orienta a população para que, em casos de extorsão ou ameaças, seja acionada a PM através do telefone 190 ou 181. “Desta forma, podemos identificar melhor as regiões onde ocorrem estes crimes, e atuar para inibi-los”, concluiu.