Presidente do Tribunal de Justiça e seu filho, também desembargador, são novos cidadãos honorários de BHDiversas personalidades de Belo Horizonte, tanto do poder judiciário quanto do poder legislativo e de setores empresariais, compareceram na noite de te

O autor da homenagem, o vereador Ovídio Teixeira (PV), secretário-geral da mesa diretora, acredita ser um caso inédito a Câmara homenagear, numa mesma cerimônia, pai e filho com o título de Cidadania Honorária da cidade. “Eles merecem e nós os merecemos. É uma honra para mim e reconhecimento aos importantes trabalhos prestados pelos desembargadores à população de Belo Horizonte”.

Os novos cidadãos Honorários de Belo Horizonte: o desembargador Orlando Adão Carvalho, nascido em Santa Luzia (MG) e o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, nascido em Governador Valadares (MG), foram unânimes no agradecimento ao amigo e vereador Ovídio Teixeira pela homenagem e também ao presidente Totó Teixeira. Orlando Carvalho disse que espera poder honrar esse título e ser “um verdadeiro belo-horizontino, porque de coração sou há muito tempo”. Já o desembargador Alexandre Victor afirmou ser um belo-horizontino de fato e, agora, de direito.

Harmonia entre os poderes

Além do reconhecimento da carreira dos dois magistrados, a homenagem aproxima o Judiciário e o Legislativo. É o que afirma o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção Minas Gerais: “O bom relacionamento entre os dois poderes é fundamental para a independência e harmonia entre eles, conforme prevê o artigo 2º da Constituição Federal”.  

Essa homenagem não é a única iniciativa da Câmara Municipal nesse sentido. No mês de abril, os vereadores aprovaram, por unanimidade, a doação de área municipal para a construção da nova sede do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Foi o que lembrou durante a sessão solene, o presidente da Câmara, vereador Totó Teixeira (PR).

“A parceria da Câmara Municipal de Belo Horizonte com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais irá beneficiar a população da cidade, porque a instalação da nova sede do tribunal proporcionará conforto e agilidade, e serão criados, também, os tribunais Regionais do Barreiro e de Venda Nova”.

O presidente da Câmara disse que a “cidade se sente muito prestigiada ao homenagear os dois desembargadores, porque ambos optaram pela vida jurídica como pessoas humanas e cidadãos”. Essa opinião teve o respaldo de diversas personalidades presentes na reunião.

“É uma homenagem justíssima. Os dois desembargadores desenvolvem um trabalho social muito importante para a capital. Parabéns ao vereador Ovídio Teixeira pela iniciativa”, afirmou o deputado Estadual, Zezé Perrela (PSDB).

Para o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares, pai e filho são seus amigos pessoais e Belo Horizonte vem reconhecer o trabalho de cada um deles. “A cidade ganha dois filhos ilustres, dois amigos fraternos”, ressaltou.

Essas palavras foram referendadas pela vereadora Elaine Matozinhos (PTB). “A casa hoje faz um dos mais absolutos e louváveis ato de justiça. Orlando Carvalho foi meu professor, meu grande mestre. Ele e seu filho me mostraram, ao longo de suas vidas, como se comportar com sabedoria, humildade, competência e serenidade ”.

Além da carreira que começou como juiz de direito em várias comarcas de Minas, o desembargador Orlando Adão, também atuou em vários veículos de comunicação. Ele trabalhou no semanário “Binômio”, lembrou o ex-governador de Minas, Newton Cardoso. “Ele foi meu amigo de juventude e jornalista. É uma homenagem muito justa”.

São 30 quadros, três poemas e muitas Marias.  A exposição “Mulheres Negras de Nossa Senhora do Rosário”, organizada pelo gabinete do vereador Paulo Augusto dos Santos, ‘Paulão’ (PCdoB), não por coincidência, foi instalada na galeria cultural da Câmara Municipal de Belo Horizonte às vésperas da comemoração do dia 13 de maio. As obras podem ser visitadas até sexta-feira, de 8 às 18 horas.

“O momento não poderia ser mais oportuno”, afirmou Paulão. Quando se comemora a abolição da escravatura, queremos mostrar para a sociedade a capacidade criativa da negritude, sua resistência e sua beleza, ajudando a romper com o tabu que nasce do preconceito e da vergonha que temos de nos assumir como negros ou afro descendentes”, constatou.

O vereador lembra que é preciso trabalhar, cotidianamente, a questão racial para se chegar a patamares de igualdade e que uma exposição de arte é uma forma sutil de despertar a consciência.

A exposição é assinada pelo artista plástico e especialista em cultura africana, Marcial Ávila. Ele nasceu em Diamantina (MG), às portas do Vale do Jequitinhonha, e trouxe da região a inspiração para sua obra.

A maior parte do seu trabalho é dedicada a figuras humanas negras. Ele contou que cresceu em Diamantina vendo a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário organizando as festas e as procissões. “Aqueles enfeites e as roupas coloridas, eram, para mim, um universo mágico, bonito, que chamava a atenção pela beleza e riqueza dos detalhes e das cores. Hoje uso essas lembranças, essa estética para despertar a consciência e resgatar uma identidade sufocada pelo preconceito,” argumentou Ávila.

A exposição é formada por quatro coleções: “Origens”, na qual o artista apresenta as mulheres negras livres, na África, como uma mãe Massai carregando o filho; “As Negras do Rosário”, uma referência à tradição e à cultura; “A Irmandade”, composta por quadros retratando anjinhos negros, todos com nomes de virtudes como fraternidade, igualdade, fé e harmonia; e as  “Santas Marias”.

Ávila lembrou que nas escolas as crianças se surpreendem ao visitarem a exposição e perguntam: “Nossa, existem anjos negros e santas negras?”. Aliás, para o artista, os quadros mais marcantes do seu trabalho são os que retratam as santas marias como, por exemplo, a do Rosário, das Dores e do Amparo.

Em seu trabalho, as santas, segundo Ávila, pretendem ser um alerta contra a violação dos direitos das mulheres brasileiras, “tão desrespeitadas em sua dignidade, marginalizadas no sertão deste País, ou mesmo as que vivem debaixo dos viadutos das grandes cidades, sem condições de criar os filhos”.

Diz o ditado popular que “uma imagem vale mais que mil palavras”, mas no caso da exposição em homenagem às mulheres negras, três poemas escritos pelo artista ajudam a valorizar ainda mais a sua proposta. Eles defendem a igualdade racial, resgatam a força de uma cultura e combatem o preconceito e a violência contra as mulheres, agredidas pela condição social e pela cor da pele.