SANEAMENTO

Obra de requalificação urbana e ambiental no Jardim Felicidade começa em 2030

Córregos do bairro integram 2ª etapa do Drenurbs, que está em fase de captação de recursos. Moradores cobram ações emergenciais  

quarta-feira, 10 Setembro, 2025 - 20:45

Foto: Cristina Medeiros/CMBH

A necessidade de intervenções emergenciais para prevenir enchentes e possibilitar ligações de luz, água e esgoto nas moradias nas margens e adjacências do Córrego Catulo da Paixão Cearense, no bairro Jardim Felicidade (Região Norte de BH), voltaram à pauta da Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (10/9), a pedido de Cleyton Xavier (MDB). O vereador lamentou a ausência das companhias elétrica e de saneamento do estado (Copasa e Cemig), convidadas para a audiência pública, e agradeceu os representantes dos órgãos municipais presentes, que apresentaram as obras estruturantes previstas para o local e se dispuseram a colaborar no encaminhamento de intervenções mais urgentes para minimizar os transtornos enfrentados há décadas pela comunidade local.

 Cleiton Xavier (MDB) explicou que o pedido da audiência teve o objetivo de dar voz aos moradores e reforçar demandas antigas do bairro, que já motivaram diversos requerimentos de pedidos de informações e visitas técnicas. O parlamentar ponderou que, embora não resolvam definitivamente os problemas, são necessárias respostas imediatas do poder público para minimizar os transtornos e riscos, como ações emergenciais de drenagem, tratamento de esgoto e contenção de encostas.

Insalubridade e insegurança

Os moradores do entorno do córrego, especialmente das Ruas Márcio Lafaiete Coelho e Eudóxia Luzia da Costa reivindicam a instalação de gabiões (estruturas metálicas preenchidas com pedras) dos dois lados ao longo de todo o trecho, de cerca de 500m, para prevenir as frequentes enchentes, erosões e deslizamentos que põem em risco a integridade de veículos, imóveis e pessoas. Deficiências no fornecimento de água e luz, coleta e tratamento de esgoto e iluminação pública também geram condições insalubres e insegurança.

José Januário Canuto e Eucirlan Nobre da Silva, que residem no local há décadas, relataram que a prefeitura começou a instalar gabiões mas, a partir de um determinado ponto, passou a utilizar sacos de areia, que são carregados pelas chuvas. Somente depois da estabilização das margens, segundo eles, a Copasa poderá fazer a revisão da rede de esgoto, que em vários pontos está estourada, e evitar o derramamento de resíduos diretamente no curso d’água, que causa mau cheiro e atrai roedores e insetos. A contenção também seria necessária para a instalação de postes pela Cemig.  

“A rua tem CEP, nome, mas não tem rua”, ironizou Felisberta Aguiar, que exibiu vídeos dos caminhos percorridos pelos moradores no dia a dia. Vias estreitas, sem pavimentação, sacos de areia e terrenos desbarrancados, mato e entulho ao longo das margens do córrego, tampas de bueiro e caixas de esgoto arrancadas, águas poluídas e escuridão absoluta do local no período noturno puderam ser vistas nas imagens. Ela também reivindicou a instalação de padrões de água e luz na porta das casas, tratamento de esgoto e iluminação pública eficiente, trazendo mais qualidade e dignidade à vida de quem mora no local.

“Nós vivemos aqui nessa situação... Sem luz, sem água na porta, sem esgoto, e a gente pagando um absurdo de iluminação pública e taxa de esgoto. Fizeram essa contenção aí e não terminaram, quando chove e água sobe, falta pouco para entrar nas casas dos moradores. Chove, as tampas de bueiros sobem, a Copasa vem, olha e não faz nada”, lamentou a moradora.  

“Furto qualificado”

Cleyton Xavier lamentou que esse tipo de situação ocorra numa capital com o orçamento de Belo Horizonte e a falta de sintonia do Município com os órgãos estaduais (Cemig, Copasa), que dificulta a solução de deficiências locais. Indignado com uma conta de água de mais de R$ 700 exibida por um morador, sendo quase R$ 300 referente à taxa de esgoto, reforçou o protesto dos moradores, criticando a cobrança, pelo poder público de um serviço não prestado.

“Isso é um furto qualificado, só não está tipificado no Código Penal. Se o munícipe faz um ‘gato’ (ligação irregular ou clandestina) responde por esse crime; e quando a companhia furta o munícipe no valor de 300 reais na conta? É um absurdo o que essas companhias arrecadam anualmente e a população não vê o retorno lá na ponta da linha”, protestou

Obra estruturante e intervenções pontuais

Os representantes da Sudecap esclareceram que os problemas de contenção e poluição do córrego serão tratados na bacia hidrográfica como um todo, não só no trecho em questão, por meio de obras estruturantes; demandas pontuais devem ser levadas à Zeladoria Urbana e à Defesa Civil. Caso seja constatada situação de risco, o laudo de vistoria permite a dispensa de licenciamento para intervenções emergenciais.

Letícia Pinheiro, da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), confirmou que a bacia está no escopo da 2ª etapa do Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte (Drenurbs2), explicou as ações que serão realizadas e mostrou imagens de locais em situação semelhante antes e depois das obras, que incluem tratamento de fundo de vale, estruturas de controle de cheias, esgotamento sanitário e despoluição das águas, recuperação de áreas verdes e implantação de parques lineares.

Ela explicou que a operação de crédito para custeio do Drenurbs2, estimado em US$ 255 milhões, foi autorizada pela Câmara em dezembro de 2024 e o Município está adiantando os procedimentos exigidos para a aprovação do empréstimo, que depende de fluxos internos do governo federal e do ente financiador. Após a assinatura da operação, prevista para 2026, terão início os processos licitatórios para execução do projeto e da obra, que deve começar no início de 2030.

Demandas pontuais de água, luz e esgoto, segundo a gestora, devem ser levadas às Diretorias de Gestão das Águas e de Iluminação Pública da Sudecap, intermediadas pela Coordenadoria de Administração Regional Norte, que faz a interlocução com os órgãos.

Cobrança e acompanhamento

Cleyton Xavier disse que a burocracia e a falta de respostas precisas e ações concretas geram frustração nas comunidades e nos vereadores, que ficam sem saber o que dizer; mas declarou satisfação em saber que as tratativas para solução dos problemas do Jardim Felicidade e adjacências estão em andamento. Ele reforçou o pedido de intermediação dos representantes para levar a questão aos órgãos envolvidos e ao prefeito. “Já fizemos tudo o que está ao alcance, tem momentos que eu penso que estou enxugando gelo”, reclamou.  

O vereador garantiu que o gabinete continuará a cobrar e acompanhar os andamentos e tentar encaminhar a realização de reuniões com a participação dos moradores para tratar das intervenções paliativas emergenciais, garantindo o mínimo de salubridade, segurança e qualidade de vida para a população. “É gratificante para nós a participação dos munícipes”, agradeceu.   

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir acerca da inclusão da obra de contenção com instalação de gabiões nas margens do Córrego Catulo da Paixão Cearense, no Bairro Jardim Felicidade. 30ª Reunião Ordinária - Comissão de Saúde e Saneamento