AUDIÊNCIA PÚBLICA

Em pauta, condições enfrentadas por mulheres profissionais da saúde na pandemia

A reunião da Comissão de Mulheres é nesta sexta (25/6), às 10h, no Plenávio Helvécio Arantes, com transmissão ao vivo

quinta-feira, 24 Junho, 2021 - 16:00
Imagem de mulher trabalhadora da saúde de luvas e máscara segurando injeção por mulheres, profissionais da saúde, na pandemia em BH

Foto: Pixabay

A pandemia impactou as condições de trabalho de profissionais da saúde: remuneração, carga laboral, infraestrutura e a própria saúde dos trabalhadores foram afetados. Considerando que 78,7% de profissionais da área vinculados à Prefeitura de BH são do sexo feminino, as mulheres foras as mais atingidas. Para debater o cenário vivenciado por servidoras da PBH no enfrentamento da covid-19 a Comissão de Mulheres realiza audiência pública nesta sexta-feira (25/6), às 10h, no Plenário Helvécio Arantes. A reunião será realizada por videoconferência, com transmissão ao vivo pelo Portal CMBH, e a população pode participar do debate enviando perguntas, comentários e sugestões através de formulário eletrônico.

Foram convidados para a audiência, requerida pela vereadora Macaé Evaristo (PT), o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, e representantes do setor de saúde da trabalhadora, da direção sindical e do setor de cálculos e estudos econômicos e salariais do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), além de representantes do Conselho Regional de Enfermagem, do Sind-Saúde e da ColetivA.

Condições gerais

Segundo nota técnica produzida pela Divisão de Consultoria Legislativa da Câmara de BH, pesquisa do Conselho Federal de Enfermagem e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que a enfermagem vivencia um momento ímpar, decorrente da pandemia da covid-19, com sobrecarga de trabalho, alta transmissão do vírus e manipulação de equipamentos específicos de proteção. Revela-se que a pandemia agrava as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, incluindo extensas jornadas, ritmo intenso, desvalorização profissional, conflitos interpessoais, entre outros fatores desencadeantes de desgastes físicos e psíquicos.

Entre as dificuldades dos profissionais de saúde durante a pandemia, destacam-se o medo da infecção para si e para familiares e amigos, o medo dos efeitos relativamente desconhecidos da doença, os níveis de estresse relacionado ao trabalho e a carga horária extremamente longa, exigindo maior tempo beira-leito, por aumento da complexidade e falta de equipamentos de proteção individuais (EPIs) adequados.

Levantamento sobre as condições de trabalho dos profissionais da saúde durante a pandemia mapeou a carga horária dos profissionais de saúde nesse contexto: 72,2% dos respondentes disseram trabalhar mais de 30 horas semanais; e 68,3% afirmaram ter aumentado o número de horas dedicadas ao trabalho doméstico durante a pandemia, fator que atinge, predominantemente, as mulheres.

A pesquisa mostrou percepções desiguais entre homens e mulheres em relação ao enfrentamento à pandemia: enquanto 84% das mulheres afirmaram que o momento afetou negativamente sua saúde mental, esse percentual foi de 67% entre os homens. Além disso, 72% das mulheres revelaram sentir estresse, comparado a 52% dos homens; e 62% das mulheres afirmaram sentir cansaço, em contraposição a 43% dos homens.

Na nota técnica, são, ainda, apontadas discrepâncias entre as diferentes categorias profissionais da área de saúde no contexto da pandemia, indicando-se uma situação de maior precariedade entre os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate a endemias. Relatório publicado pela Fundação Oswaldo Cruz, em 2020, destaca a necessidade de se avaliar os impactos da pandemia de covid-19 sobre as condições de trabalho dos profissionais de saúde, a partir de um recorte de gênero, tendo em vista a predominância das mulheres entre os profissionais que atuam na linha de frente do combate à pandemia.

Os resultados preliminares sugerem que homens brancos, em geral, têm menos receio do novo coronavírus, sentem-se mais preparados para enfrentar a atual crise, receberam mais treinamento e equipamentos e sofreram menos assédio moral durante a pandemia, quando comparados aos outros grupos de gênero e raça e, em especial, às mulheres negras.

Superintendência de Comunicação Institucional