AULAS PRESENCIAIS

Professores podem ser vacinados em junho, se houver remessa de imunizantes

Informação foi dada por representante da Secretaria Municipal de Saúde; representantes de professores temem pela segurança sanitária 

quarta-feira, 19 Maio, 2021 - 18:45

Foto: Caminhos da Reportagem/TV Brasil

Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (19/5) pela Comissão de Saúde e Saneamento, vereadores e convidados debateram o protocolo de retorno às aulas presenciais e a vacinação de professores, a pedido do vereador José Ferreira (PP). Foram questionados pontos como falta de segurança no retorno às aulas presenciais frente ao fato de que os professores e a comunidade escolar ainda não foram vacinados e de que há dificuldades com relação à aplicação dos protocolos nas escolas; também foi relatado que os casos e a mortalidade da covid ainda permanecem em patamares elevados, juntamente com o surgimento de novas cepas e com a doença atingindo pessoas mais jovens, inclusive crianças. O representante da Secretaria Municipal de Educação informou que o retorno às aulas atingirá, em próxima fase, crianças de 6 a 8 anos de idade e, posteriormente, de 9 a 12 anos. As crianças de 0 a 5 anos, que voltaram às escolas a partir de 26 de abril. Já o representante da Secretaria Municipal de Saúde disse que “havendo remessa” (de vacinas), no final de junho a vacinação pode alcançar os professores. Entretanto, o gestor não soube dizer se a volta às aulas está atrelada a essa vacinação.

Para professores, retorno não é seguro

“Escola é um espaço de contato”, afirmou a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH), Vanessa Portugal. Para ela, o retorno sem vacinação não é seguro, pela dificuldade “objetiva” de cumprimento dos protocolos nas escolas; pelo surgimento de novas cepas; pelo aumento do acometimento da doença em pessoas cada vez mais jovens; pela manutenção dos índices de contaminação e morte em condições muito elevadas; e por conta de surgimento de vários casos dentro das Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis). A convidada também esclareceu a “reivindicação da vacinação do conjunto dos trabalhadores da educação” (e não apenas dos professores) e pediu negociação à Prefeitura em meio à greve sanitária deflagrada pelos trabalhadores de educação no dia 26 de abril, primeiro dia de convocação presencial da categoria por parte do Executivo.

Também do Sind-Rede/BH, Evangely Rodrigues pediu clareza e negociação, e queixou-se de que não está sendo feita a testagem e monitoramento de casos nas escolas, além de criticar “falhas” tanto da Prefeitura quanto dos protocolos. Ela partilhou da insegurança demonstrada por Vanessa, informando que as próprias famílias não estão enviando os filhos às escolas por medo. A representante também contou que, entre os terceirizados, estão sendo convocadas pessoas com comorbidades. “Estamos num movimento de greve, uma greve em defesa da vida, uma greve que necessita de negociação”, pois “a gente não tem condições mínimas e necessárias para funcionar” – sintetizou.

Aulas presenciais para novos grupos etários

Marcos Alves, secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Educação, informou que o próximo grupo a retornar às aulas é o de 6 a 8 anos de idade, seguido pelo grupo de 9 a 12 anos. Ele salientou a criação de um grupo de “mediadores”, responsáveis por ajudar na busca ativa de alunos feita pelas escolas. Também informou não haver reposição de aulas, mas a realização de dois anos letivos em um (2020 e 2021 ao mesmo tempo). Ao ser perguntado pela vereadora Flávia Borja (Avante) se a volta às aulas está condicionada à vacinação, o gestor informou que a secretaria segue a orientação do comitê de saúde, de acordo com o contexto epidemiológico: “A gente não tem essa resposta para dar para vocês ainda não”, admitiu.  

Sobre o mapeamento questionado pelo Sind-Rede/BH, Paulo Roberto Corrêa, representando o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, afirmou que este já é feito para outras doenças e, com a covid, “tivemos que criar outras estratégias”. Uma delas é o recebimento de exames laboratoriais de covid enviados pelas redes pública e privada, o que permite um monitoramento diário em relação à tendência da doença. Outro indicador observado é a proporção de internações em UTIs e enfermarias. Citando que não é possível vacinar todos ao mesmo tempo e que “todos os lugares do mundo priorizam”, ele deu uma perspectiva “otimista” sobre a vacinação dos professores, informando que a secretaria segue as 28 etapas dos grupos prioritários escolhidos pelo Ministério da Saúde. Após vacinar os trabalhadores da saúde e idosos, estaríamos atualmente na etapa das pessoas com comorbidades. Em seguida virão as pessoas com deficiência e, logo após, a “equipe da educação”. Mas ele entende que o controle efetivo da transmissão ocorrerá quando atingirmos 70% de cobertura, “e estamos muito longe”. Além disso, para ele, a vacina “não é a única resposta para o controle da pandemia”, lembrando que até pessoas vacinadas podem transmitir a doença e estimando que, nos próximos dois anos, teremos que seguir com as estratégias de proteção (máscara, álcool, cuidados com as mãos etc).

Questionado por José Ferreira sobre estimativa de tempo para vacinação de professores, Paulo condicionou que, “tendo remessa” (de vacinas pelos governos), no final de junho chegará a vez da vacinação dos professores.

Retomada necessária e independente de vacinação 

Professora Marli (PP) considerou “um crime” o fato de as crianças estarem ainda fora das escolas e criticou a ausência do secretário municipal de Saúde e da secretária municipal de Educação: “mais uma vez, a secretária de Educação se recusa a participar de uma audiência pública da Casa”.

Flávia Borja e Marcela Trópia (Novo) também defendem a abertura imediata das escolas. Para Flávia, a vacinação dos professores não deve ser uma condição de volta às aulas, pois, segundo ela, assim como outros profissionais, eles poderiam voltar “com os cuidados já disponíveis”. Marcela colocou em relevo o fato de os cursinhos estarem reabertos, enquanto alunos do 3º ano “não podem ter aula”. “Dados mostram que a gente já poderia ter voltado presencialmente”, concluiu.

Considerando que os profissionais da educação são “a base de tudo”, o parlamentar Wilsinho da Tabu (PP) leu uma indicação ao prefeito, Alexandre Kalil (PSD), feita em 29 de fevereiro, para pedir a priorização dos profissionais da educação na elaboração do plano de vacinação municipal.

Integrante da base do Executivo, Cláudio do Mundo Novo (PSD) se colocou à disposição para cobrar da Prefeitura a vacinação dos professores.

“Todas as outras profissões vêm através dos professores”, corroborou o vereador requerente da audiência, José Ferreira. Apesar de, como Marli, lamentar a ausência dos secretários, ele acredita que o evento trouxe “uma alegria para os professores” ao saber que o tempo de serem vacinados está próximo. Diante da insatisfação apresentada por representantes dos professores em relação a vários pontos e à negociação com o movimento grevista, o vereador pediu para eles enviarem pedidos de informação ao gabinete parlamentar, onde a assessoria técnica pode produzir requerimentos para a Prefeitura.

Participaram da reunião os vereadores Bim da Ambulância (PSD), Cláudio do Mundo Novo, Flávia Borja, Iza Lourença (Psol), José Ferreira, Macaé Evaristo (PT), Marcela Trópia, Professora Marli e Wilsinho da Tabu.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública - Finalidade: Debater o protocolo de retorno às aulas e vacinação dos professores.