Museu de Arte da Pampulha será reaberto nesta quarta-feira (25/9)
Vereadores estiveram no local para apurar motivações que levaram ao fechamento do espaço e à suspensão temporária de uma exposição
Foto: Karoline Barreto / CMBH
O Museu de Arte da Pampulha (MAP) será reaberto nesta quarta-feira (25/9). O espaço havia sido fechado em 15 de setembro, um dia após a abertura da exposição de contemplados pelo Bolsa Pampulha, um programa de residência artística, que selecionou dez artistas de cinco estados brasileiros para atuarem em Belo Horizonte ao longo de seis meses. De acordo com a direção do MAP, o fechamento se deu em decorrência de um laudo da Sudecap que apontava problemas elétricos e hidráulicos no museu, além de excesso de peso decorrente dos acervos que lá estão abrigados. As informações foram prestadas ao vereador Pedro Patrus (PT) e à vereadora Cida Falabella (Psol) durante visita técnica realizada nesta terça-feira (24/9) ao museu pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo.
Os dez artistas selecionados pelo Bolsa Pampulha foram surpreendidos na sexta-feira (13/9) com a informação de que o Museu de Arte da Pampulha seria fechado por conta de problemas elétricos e hidráulicos apontados em laudo de vistoria da Sudecap. Eles disseram ter estranhado o fato de que a vistoria tenha ocorrido às vésperas da exposição. O fechamento do espaço inviabilizaria a apresentação de suas obras, que estava prevista para ocorrer, no MAP, até o dia 17 de novembro.
A exposição estava terminando de ser montada quando houve o anúncio do fechamento do espaço, o que causou dúvidas e apreensões em artistas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia e Maranhão, que aguardavam a exposição de suas obras como resultado do programa de residência artística Bolsa Pampulha. A abertura chegou a acontecer no sábado, mas, já no dia seguinte, os interessados em conhecer as obras encontrariam o espaço fechado para visitações.
Vistoria da Sudecap
A direção do MAP explicou que o laudo da Sudecap não indicava a suspensão da exposição, mas orientava que o espaço não deveria abrigar eventos que gerassem um grande fluxo de pessoas. Após a adoção de medidas emergenciais relativas à rede elétrica - uma vez que ela havia sido considerada inadequada em vistoria da Sudecap - foi anunciada a reabertura da exposição até 17 de novembro. Já no dia 18, o museu será novamente fechado para uma ampla reforma que deve durar cerca de dois anos. A expectativa é que o MAP só seja reaberto no final de 2021 ou início de 2022.
A direção do museu informou que todo o seu acervo documental e bibliográfico já está sendo transferido para o Museu Casa Kubitschek, na Avenida Otacílio Negrão de Lima, 4.188. De acordo com as responsáveis pelo MAP, a questão do excesso de peso gerado pelos acervos documental e bibliográfico é antiga, tendo sido apontada em vistorias ocorridas há cerca de dez anos. Já o acervo artístico, deverá ser transferido após o fechamento do museu para reforma, a partir de 18 de novembro. O destino das obras é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-MG), localizado à Rua Januária, 130.
Motivos para o fechamento
O vereador Pedro Patrus (PT) criticou a forma como se deu a suspensão da exposição, que há meses era aguardada pelos dez contemplados pelo Bolsa Pampulha. O parlamentar também elogiou a reabertura do MAP, que trouxe de volta a possibilidade de o público acessar as obras até 17 de novembro, quando o museu será fechado para restauro. Artistas temiam que a suspensão acabasse por impedir a apresentação de seus trabalhos e pudesse resultar em censura às obras.
Pedro Patrus lembrou que já foi aprovado um requerimento de sua autoria à Sudecap, com cópia para a chefia de gabinete do Prefeito, Alexandre Kalil, com o objetivo de que sejam apuradas as motivações que levaram à realização da vistoria às vésperas da exposição e ao fechamento do MAP. No requerimento, ele questiona se é de praxe que sejam feitas vistorias dias antes de cada exposição que acontece no local. Pedro Patrus também quer saber quantas vistorias foram realizadas pela Sudecap ao museu nos anos 2017, 2018 e 2019, bem como as datas, horários, motivações, responsáveis e laudos técnicos de cada uma delas.
Um dos trabalhos expostos no MAP é o Tabernáculo da Edificação, da cantora, escritora, compositora, performer e artista visual Ventura Profana, que é negra e travesti. Ela problematiza os efeitos sociais, culturais e políticos dos processos de tradução e interpretação de textos bíblicos, que, em sua visão, foram historicamente apropriados por projetos políticos de embranquecimento populacional e concentração de poder. A artista propõe a disputa por outras narrativas como a de corpos dissidentes, não hegemônicos e não-normativos. Sua obra é baseada em estudos e redesenhos de mobiliários geralmente encontrados em igrejas, além de apresentar um clipe em que professa “suas palavras de salvação”.
A vereadora Cida Falabella afirma que é necessário que não paire qualquer dúvida a respeito da possibilidade de censura a artistas e lembrou que se no período da ditadura civil-militar, de 1964 a 1985, a censura se dava sobre textos, hoje, a censura é aos corpos, principalmente, corpos diversos. “Que não haja qualquer névoa de censura”, diz a parlamentar, que entende o Bolsa Pampulha como fundamental para a arte em Belo Horizonte e afirmou estar solidária aos artistas; ao JA.CA - Centro de Arte e Tecnologia, que é uma organização da sociedade civil parceira da PBH no Bolsa Pampulha; e à equipe responsável pelo Museu de Arte da Pampulha.
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