Casos de baixa complexidade sobrecarregam atendimento de urgência
Grande maioria dos pacientes (70%) é classificada como casos de menor gravidade, que poderiam ser atendidos nos centros de saúde
Foto: Divulgação / CMBH
Pacientes de baixa complexidade, que deveriam ser atendidos nos centros de saúde, procuram com frequência as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade, acabando por enfrentar longas filas de espera e sobrecarregando os atendimentos. Esse é o caso da UPA Oeste, no Bairro Jardim América, vistoriada pela Comissão de Saúde e Saneamento, nesta quarta-feira (24/7). Segundo gestores e a Secretaria Municipal de Saúde, um dos projetos a serem implantados pela Prefeitura para solucionar o problema é a realização de triagem prestando somente atendimento básico aos casos de menor gravidade e posterior encaminhamento aos postos de saúde. Na oportunidade, a comissão comprometeu-se a buscar meios para a divulgação das classificações de risco à população, informando, ainda, que pedirá agilidade, junto ao Executivo, na implementação de outras medidas, como a instalação de prontuário eletrônico e a ampliação da unidade.
Na visita, usuários e representantes do Conselho Distrital de Saúde Oeste reclamaram da demora no atendimento, bem como da falta de profissionais e de medicamentos. Quanto à sobrecarga das UPAs em Belo Horizonte e às filas de espera, a gerente da UPA Oeste, Daniela André Gonçalves, e o gerente de Urgência da Secretaria Municipal de Saúde, Paulo Tarcísio Pinheiro, explicaram que, ao procurar as UPAs, os usuários acreditam receber nesses locais um atendimento mais rápido e poder fazer lá todos os exames que necessitam. Além disso, segundo eles, após o encerramento do Programa “Mais Médicos”, 80% dos municípios próximos de Belo Horizonte estão, hoje, com déficit de médicos, devido a saída dos profissionais cubanos do país. Ou seja, quando não se tem atendimento rotineiro preventivo, demanda-se a urgência. Os gestores ressaltaram, ainda, o cenário de desemprego do país, quando as pessoas abandonaram os planos de saúde e passaram a procurar o Sistema Único de Saúde (SUS), aumentando, assim, a demanda nas UPAs.
Triagem
Ao chegarem à UPA, os usuários são atendidos por uma equipe de enfermeiros, passando por uma classificação de risco, definida pelas cores vermelho, laranja, amarelo e verde, em ordem decrescente de complexidade. A grande maioria dos usuários (70%) é classificada pela cor verde, como casos de menor gravidade, que poderiam ser atendidos nos centros de saúde, na atenção primária. Conforme norma estabelecida pelos conselhos federais de Medicina e Enfermagem, o paciente só pode ser deslocado de uma unidade para a outra se for atendido por um médico. Desta forma, será implantado na unidade o projeto “Menos espera, mais saúde”, da PBH, que consiste em um atendimento rápido, feito por médicos e voltado para pacientes com pulseiras verdes. A essas pessoas não será prescrita medicação venosa, nem exames, somente medicamento oral, se necessário. Em seguida, estas serão encaminhadas aos centros de saúde.
Falta de materiais e medicamentos
Quanto aos itens de higiene (sabão, papel higiênico e papel toalha), ao contrário de denúncias feitas por usuários, segundo a gestão da UPA, estes não estão em falta. De acordo com a gerente da unidade, Daniela André Gonçalves, a UPA realiza um grande número de atendimentos, de alta rotatividade, totalizando cerca de 300 usuários por dia. Para ela, por se tratarem de atendimentos de urgência, eventualmente, a limpeza e a reposição de materiais podem não ocorrer de imediato.
No que se refere à falta de medicamentos, a gestora afirmou que isso também não procede, salientando que a UPA trabalha com 90% desse abastecimento. Quanto a alguns itens pontuais, como antibióticos, mais emergenciais, as compras são feitas pela Secretaria Municipal de Saúde em caráter de urgência, dispensando processos licitatórios. Outra vezes, são realizadas permutas com outras unidades e hospitais e com a Farmácia Distrital.
Ações previstas
Encontra-se em fase final a elaboração de um ante-projeto de reforma e ampliação da UPA Oeste em mais de 500 m² de área construída. Após a finalização do projeto, serão iniciadas as licitações.
Também será instalado na unidade o prontuário eletrônico; o processo encontra-se em fase de licitação. Para a instalação do prontuário, será adquirido um software, que facilitará a comunicação com os centros de saúde, hoje já informatizados. A medida permitirá o acesso do atendimento dos pacientes aos postos de saúde, agilizando, assim, os atendimentos. Atualmente, na UPA, somente a classificação de risco dos pacientes é informatizada.
Pontos observados
Para o vereador Gabriel (PHS), um dos requerentes da vistoria, três pontos chamaram sua atenção na visita: o impacto do fim do Programa Mais Médicos, do governo federal, fazendo com que 80% dos municípios da Região Metropolitana ficassem sem médicos e sobrecarregando Belo Horizonte. Outro aspecto destacado foi a implementação, no ano passado, do programa “Menos espera, mais saúde”, que considera a maneira mais eficiente para solucionar o problema da lotação das UPAs, uma vez que, pela regulamentação do Conselho de Medicina, é preciso um médico atender a pessoa para que ela possa ser transferida para um centro de saúde e não um enfermeiro, colocando-se um médico para exercer somente essa função. A terceira questão apontada foi a necessidade de a Prefeitua investir em publicidade, para orientar a população a não procurar primeiramente a UPA, mas buscar o centro de saúde.
Já o vereador Irlan Melo (PL) avaliou positivamente o projeto de ampliação da UPA, afirmando que irá cobrar da Prefeitura um cronograma. Ele disse, ainda, que fiscalizará se será mantido o abastecimento dos medicamentos na unidade.
Também esteve presente na visita o coordenador da Regional Oeste, Sylvio Malta.
Superintendência de Comunicação Institucional