Seminário discute agressões no meio escolar

Insultos, apelidos pejorativos, brigas. Crianças e adolescentes têm sofrido e praticado, nas escolas, um tipo de violência que assusta pais e professores: o bullying. Os comportamentos agressivos, muitas vezes confundidos com brincadeiras de mau gosto ou indisciplina, podem trazer prejuízos emocionais irreparáveis. Para orientar pais e educadores sobre como identificar e combater essa prática, foi realizado um seminário na Câmara Municipal de Belo Horizonte, no dia 24 de novembro, por iniciativa do vereador Adriano Ventura (PT).
Cerca de 300 pessoas interessadas no tema, a maioria professores, lotaram o plenário principal do Legislativo para acompanhar pela manhã a abertura do evento. Com a presença de autoridades e especialistas em educação, o seminário propõe a conscientização da comunidade escolar como melhor forma de combate e prevenção do bullying – conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos adotados por um ou mais alunos contra outro (s) colega (s), sem motivação evidente.
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), realizada em todo o país neste ano, revelou que Belo Horizonte é a segunda cidade com mais casos de bullying. “O dado alarmante aponta para a necessidade de desenvolver ações de combate, e a conscientização é um passo importante”, destacou o vereador Adriano Ventura, que é autor de projeto de lei (596/2009), aprovado em 1º turno, sobre o assunto.
“Diante dessa forma perversa e desigual de manifestar o poder e a intolerância, temos que buscar o diálogo, o respeito às diferenças e aos diferentes”, ressaltou. Para o parlamentar, o seminário é uma forma de contribuir para que todos aprendam e compartilhem as experiências da sala de aula.
A necessidade de conhecer o que leva uma pessoa a constranger a outra, quais as formas dessa agressão e como reparar seus danos foram os motivadores para a participação de representantes da Prefeitura, o secretário municipal adjunto de Educação, Afonso Celso Barbosa, e o secretário municipal de Governo, Josué Costa Valadão. De acordo com Barbosa, a Prefeitura quer “acompanhar de perto” esse problema e por isso já instalou câmeras de monitoramento em seis escolas da capital.
Justiça aliada
Na primeira mesa de debates, a promotora de justiça da Infância e Juventude de João Pessoa, Soraya Nóbrega Escorel, falou sobre o conceito de bullying e a experiência da Paraíba. A promotora explicou que tanto as vítimas quanto os agressores e até mesmo as testemunhas do bullying precisam de ajuda. Segundo ela, eles têm comportamentos característicos e o perfil de cada um deve ser observado por professores, pais e colegas.
Para Soraya, o principal desafio é quebrar o silêncio: “Nem sempre é fácil perceber quando uma criança ou adolescente é vítima do bullying. Na maioria dos casos, as vítimas preferem não revelar que estão sendo agredidas por medo de denunciar seus agressores ou por receio de não serem ouvidas. Por isso é muito importante que tanto a família quanto a escola estejam atentas aos sinais apresentados por esses meninos e meninas”.
A promotora acredita que para enfrentar o bullying um dos caminhos é a retomada de uma relação mais afetiva entre pais e filhos, baseada na orientação e na imposição de limites por meio do diálogo e do exemplo. No caso da escola, algumas atitudes simples como a inserção e discussão de temas de forma continuada podem ajudar a alertar os alunos sobre a temática.
Cyberbullying
Com proporções maiores, na medida em que ocorre no espaço da rede mundial de computadores (Internet), o cyberbullying é a versão virtual do bullying. De acordo com a jornalista e professora Sandra Pereira Tosta, essa prática de agressão é caracterizada quando sites, e-mails, torpedos ou redes de relacionamentos da web - a exemplo do Orkut e do Twitter - são usados para incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de provocar constrangimento.
Segundo Sandra, o acesso cada vez maior da população infanto-juvenil a esses meios tem propiciado a disseminação desse tipo de agressão com grande rapidez. “Num território sem fronteiras, onde não há nenhum controle, as agressões ultrapassam o muro das escolas e o espaço demarcado pelas casas e praças, ganhando dimensões incalculáveis. Apesar de a violência ser virtual, o estrago é real”, constatou.
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