MEIO AMBIENTE

Serra do Gandarela em debate

Serra do Gandarela em debate Com sua biodiversidade ameaçada e alto risco de comprometimento do abastecimento de água da capital, a Serra do Gandarela foi discutida em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana realizada no dia 20 de maio de 2010, no Plenário Helvécio Arantes. A proposta da Comissão é transformá-la no “Parque Nacional Águas do Gandarela”.
quinta-feira, 20 Maio, 2010 - 21:00
Serra do Gandarela em debate Com sua biodiversidade ameaçada e alto risco de comprometimento do abastecimento de água da capital, a Serra do Gandarela foi discutida em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana realizada no dia 20 de maio de 2010, no Plenário Helvécio Arantes. A proposta da Comissão é transformá-la no “Parque Nacional Águas do Gandarela”.
“Serra do Gandarela: continue serena, você será salva!”, “Viva a Gandarela: vida e progresso”, “Rio das Velhas: 45% do abastecimento de BH”, entre outras, eram as mensagens presentes em todo o Plenário, que teve a sessão presidida pelo vereador Leonardo Mattos (PV), vice-presidente da Comissão.
O parlamentar salientou que a Serra do Gandarela “dá um abraço hídrico em Belo Horizonte”, pois é a região onde nascem vários mananciais que abastecem o Rio das Velhas. No total, é responsável por 60% da água consumida pela capital.

“Existe um movimento a favor da transformação do Gandarela em um parque nacional cujo objetivo é preservar sua biodiversidade e isso me deixa muito feliz”, completou o vereador, que afirmou que a Câmara Municipal de Belo Horizonte apoiará a criação da reserva.
O presidente do Partido Verde de Nova Lima e advogado, Otávio Freitas, lamentou a ausência da Copasa na reunião para discutir a questão do abastecimento de água da Capital e região metropolitana.
Abastecimento pleno
Freitas lembrou que durante toda a história de Belo Horizonte, até mesmo antes do início de sua construção, havia a preocupação em garantir o pleno abastecimento da cidade, mas a partir de meados da década de 1990, com a pressão das empresas mineradoras, áreas de nascentes foram depredadas, comprometendo o fornecimento de água na região.
“Hoje, Gandarela é a última reserva que nós temos e, mesmo assim, vem sendo ameaçada pelas empresas de mineração”, completou o advogado.

Mineradoras ameaçam região
O ambientalista do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela, Gustavo Gazzinelli, deu uma verdadeira aula sobre a geografia da região, o chamado “quadrilátero ferrífero”, e mostrou que as áreas de nascentes localizam-se muito próximas às jazidas de minério de ferro. “A exploração intensiva de minérios deixam o ambiente ‘estéril’ e existem projetos que ameaçam extinguir 80% do que ainda resta”, apontou Gazzinelli. “É um verdadeiro ‘ecocídio’”, completou.
A superintendente da Superintendência Central Metropolitana de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável-MG, Sheila Samartini Gonçalves, afirmou que o governo do estado é a favor da criação de qualquer tipo de área de preservação ambiental, mas que ainda não há nenhuma proposta oficial para isso.
Sheila considerou que, com o interesse de empresas mineradoras em explorar o local, é necessário uma análise cujo grande desafio é saber se é possível conciliar a reserva com atividades econômicas, de qualquer espécie.
O coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, expôs a sua percepção sobre o assunto: “vejo muita discussão da sociedade, mas não vejo o poder público muito interessado em participar do debate”.
O coordenador ainda fez sua crítica da economia que “quer transformar tudo em dinheiro, passando por cima de tudo”. Apollo pediu aos ambientalistas maior mobilização junto à sociedade para ganhar mais poder político e participar diretamente do projeto de decisão da criação ou não do parque. Ao final de sua fala, o professor afirmou que “não há como impedir a mineração, mas há como minimizar o problema” e pediu que a mineradora ajude a preservar a área também.
Serra do Gandarela
A Serra do Gandarela é um santuário natural a sudeste da capital, situada entre os municípios de Barão de Cocais, Caeté, Santa Bárbara, Rio Acima, Raposos e Itabirito, formando um corredor natural com o Caraça, com a maior extensão de Mata Atlântica e Campos Rupestres sobre Cangas (couraça geológica situada sobre as jazidas de ferro) de toda região. Possui uma ampla biodiversidade de fauna e flora, além de ser um sítio paleontológico e abriga várias nascentes de rios que abastecem o Rio das Velhas, com inúmeras cachoeiras.
Responsável pela informação: Superintendência de Comunicação Institucional.