Câmara discute erradicação do trabalho infantil



“Belo Horizonte é uma cidade que se destaca pela atuação dos movimentos sociais de proteção à criança e ao adolescente e no combate à exploração e à erradicação do trabalho infantil. E nossa intenção, neste encontro, é discutir e aprofundar diretrizes que nos ajudem a fortalecer a rede de proteção contra o trabalho infantil,” explicou o parlamentar.
Em 2009 os movimentos que atuam no combate ao trabalho infantil dão ênfase à erradicação do trabalho infantil feminino. Estima-se que existam no mundo cerca de 100 milhões de meninas vítimas do trabalho infantil. “As meninas são particularmente prejudicadas pela discriminação. Elas têm uma carga redobrada de trabalho que inclui as tarefas domésticas, o cuidado com outras crianças, a cozinha, o que se configura em uma exploração extrema das meninas, que, quase sempre, deságua na prostituição, na pedofilia, na pornografia”, constata Elvira Cosendey.
Estatísticas
Segundo dados divulgados pelo Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil, pesquisas realizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, e pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE), em 2007, existem nas ruas de BH, cerca de 1.100 adolescentes trabalhando. “Se você quer tirar a inocência de uma criança é só colocá-la para trabalhar nas ruas. Ela logo aprende as manhas da malandragem, fica vulnerável ao tráfico de drogas e ao assédio sexual e, pior, aprende a ser explorada”, ressalta a coordenadora do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente de Minas Gerais.
Apesar da convenção 182 da OIT, que exige que os países fixem uma idade mínima de admissão ao emprego – no Brasil, 16 anos e, na condição de aprendizagem, 14 anos) e que proíbe que crianças (incluindo adolescentes entre 15 e 17 anos de idade realizem tarefas consideradas como piores formas de trabalho infantil, em Belo Horizonte de acordo com dados do Fórum, existem 244.363 jovens com menos de 15 anos de idade e 177 mil com menos de 18 anos trabalhando nas ruas.
Além de fortalecer a Frente Parlamentar Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, a discussão da Comissão de Direitos Humanos procurou mostrar também que não é só o trabalho que educa disciplina e cria responsabilidade.
“O esporte também ajuda neste processo, pois é uma prática em grupo que exige disciplina, respeito a hierarquia. Mas não queremos o futebol de rendimento, por exemplo, onde garotos de 12, 13 anos de idade são explorados comercialmente por empresários”, disse o vereador Arnaldo Godoy.
Participaram ainda da audiência pública, a vereadora Priscila Teixeira (PTB) , a Auditora Fiscal do Ministério Trabalho de Minas Gerais, Christiane Azevedo Barros;a Presidente da AMAS, Rosalva Portella; os funcionários da ASSPROM, Kênia Rezende da Silva e Carlos Eduardo Lopes Teixeira de Jesus.
- Respostas políticas para atacar as causas do trabalho infantil, prestando atenção especial à condição das meninas;
- medidas urgentes para erradicar as piores formas de trabalho infantil, (a convenção 182 da OIT enumera 90 atividades econômicas);
- maior atenção às necessidades em educação e formação de capacidades das adolescentes - ação chave na luta contra o trabalho infantil e na facilitação de uma via para que as meninas consigam acesso ao trabalho decente na vida adulta.