Câmara discute importância do parto normal e os cuidados com as gestantes


A reunião, que teve início às 9h30, no Plenário Helvécio Arantes, foi solicitada pela vereadora Sílvia Helena (PPS). A parlamentar explicou os motivos da audiência pública, de promover uma discussão a respeito da necessidade de se ampliar o tratamento humanizado à gestante. “É um tema de grande importância para a saúde das cidadãs belo-horizontinas”, lembrou.
O parto cesáreo é considerado, muitas vezes, como um facilitador da medicina moderna, mas o aumento do número dessa modalidade preocupa os médicos. A cesariana é uma intervenção cirúrgica, que deve ser feita quando há motivos clínicos para sua realização, como desproporção do tamanho do bebê em relação à pelve, infecção herpética ativa, gestantes diabéticas, posição do bebê invertida, entre outros. Nesse caso, a recuperação da mãe é mais lenta do que em qualquer outro tipo de parto, há maior risco de infecção materna e o bebê pode ter problemas respiratórios.
Já o parto normal ou vaginal tem vantagens sobre a cesariana, pois o corpo da mulher foi preparado para isso. Assim, a recuperação da mãe é muito mais rápida, há menor chance de hematomas ou infecções e menor risco de complicações tanto para ela quanto para o bebê.
Márcia Rovena, representante da Secretária Estadual de Saúde, afirmou que há um controle de cesarianas, determinado pelo Ministério da Saúde e que estabelece limites percentuais máximos dessa modalidade em relação ao número total de partos a serem realizados pelos hospitais. “É preciso incrementar o papel regulador das Secretarias de Saúde, em relação a assistência ao parto, no esforço coletivo para reduzir as taxas de mortalidade materna e perinatal, diminuindo a prática do parto cirúrgico”, ressaltou.
“A cesariana é uma agressão para o organismo feminino, pois implica no corte de tecidos, a invasão de cavidades que, normalmente, seriam respeitadas, e a submissão da paciente ao impacto de uma anestesia”. Esta foi a afirmativa de Virgílio Queiroz, da Coordenação da Atenção à Mulher da Secretaria Municipal de Saúde, alertando para o risco do choque anafilático.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Obstetrícia e Enfermagem Obstetra de Minas Gerais, Míriam Rego de Castro Leão, o combate à epidemia de cesarianas implica na defesa da vida da mulher e da criança. “Existe uma cultura de que a cesariana é um procedimento cirúrgico que não implica riscos, que é alimentada por aspectos como a falta de incentivo para o médico realizar o parto normal”, afirmou.
Segundo o conselheiro Warlei Torezani, representante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, é preciso discutir a situação dos profissionais envolvidos com a saúde, que hoje assumem mais a função de cuidador de doentes do que de profissionais da saúde. “A promoção do parto normal garante o direito da criança à proximidade com a mãe desde o momento do nascimento”, disse o conselheiro. Torezani ressaltou a necessidade de o poder público promover políticas de saúde e educação que permitam a mudança de hábitos das pessoas em relação à gestação e ao parto.
Entre os dias 20 e 22 de agosto acontece em Belo Horizonte o seminário “BH pelo Parto Normal – paradoxo perinatal brasileiro: mudando paradigmas para a redução da mortalidade materna e neonatal”. O evento acontece na Associação Médica de Minas Gerais e conta com o apoio da Área Técnica de Saúde da Mulher e Área Técnica de Saúde da Criança (Decit) do Ministério da Saúde; Agência Nacional de Saúde; Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais; Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Minas Gerais; Sociedade Mineira de Pediatria; Associação Médica de Minas Gerais; Sindicato dos Médicos; e Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica /MG.
Informações no gabinet da vereadora Sílvia Helena (3555-1196/1197).