Campanha para prevenção de queimaduras aborda violência contra a mulher

 A partir de 6 de junho, Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, a fachada da Câmara Municipal de Belo Horizonte estará iluminada na cor da Campanha Junho Laranja. O Legislativo Municipal é parceiro da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) na ação nacional que busca alertar para a importância da prevenção. A edição da campanha em 2025 tem como tema principal a violência contra a mulher e o slogan "Marcas no corpo, feridas na alma". A iluminação da fachada ocorre por solicitação do vereador Wagner Ferreira (PV). Segundo o parlamentar, a participação da Câmara Municipal na campanha é muito importante, especialmente nesta edição, que trata da violência de gênero.

Ampliar a conscientização

Dados do Ministério da Saúde revelam que cerca de 1 milhão de queimaduras ocorrem anualmente no Brasil. Entre os anos de 2015 e 2020, elas foram responsáveis pela morte de quase 20 mil pessoas no país, sendo que mais da metade ocorreu por queimaduras térmicas (53,3%) e 46,1% por queimaduras elétricas.

O Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras foi instituído em 2009, por meio da Lei 12.026. A campanha Junho Laranja tem o objetivo de ampliar a conscientização, apontando a necessidade de políticas públicas para a melhoria e oferta da atenção que esse tipo de trauma requer. Segundo a SBQ, a violência contra a mulher foi o enfoque escolhido após inúmeras notícias de vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio revelarem o uso de fogo ou substâncias corrosivas, como o ácido, como meios de agressão contra mulheres e pessoas transexuais.

Cuidado e atenção

Além das queimaduras decorrentes da violência contra a mulher, a campanha da SBQ aborda outros tipos de queimaduras, como térmicas, solares e elétricas. Segundo Raquel Pan, enfermeira, vice-presidente da SBQ e coordenadora da Campanha Junho Laranja 2025, as queimaduras podem ser evitadas com cuidado, não realizando atividades de forma apressada e sem atenção, tanto de adultos consigo mesmos quanto de adultos supervisionando crianças.

“Não pode tirar o alimento do congelador e colocar no óleo quente. Com o banho dos bebês, sempre colocar a água na temperatura natural primeiro, depois a quente. No sol, lembrar do protetor solar”, destaca a pesquisadora.

Primeiros sinais

No caso da violência contra a mulher, a vice-presidente ressalta que é importante ficar atento aos primeiros sinais, já que, se a agressão foi por queimadura, outras formas de violência provavelmente já ocorreram anteriormente. Segundo a pesquisadora, a utilização do ácido é mais comum fora do Brasil e aqui, em função do custo mais baixo e facilidade na aquisição, as queimaduras ocorrem com uso de álcool ou gasolina. “Vemos violência (contra a mulher) de forma geral. E, no caso das queimaduras, muitas vezes esse agressor não quer matar, ele quer desfigurar a vítima”, explica Raquel Pan.

Mesmo com todos os cuidados, se uma queimadura ocorrer, o mais importante, segundo a enfermeira, é não aplicar nada além de água. A coordenadora da campanha lembra que muitas “dicas” que circulam nas redes sociais recomendam o uso de creme dental, vinagre e até ovo batido. “Não pode! É só água. Limpou, vá buscar o serviço médico. Se for uma queimadura maior, enquanto estiver lavando, outra pessoa já deve ligar para o Samu ou para os bombeiros para realizar o socorro”, afirma.

Superintendência de Comunicação Institucional