MULHERES

Vistoria avalia atendimento do Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova

Em reunião, equipe técnica do hospital expôs dificuldades de acesso à rede assistencial e pediu definição de fluxo efetivo

quarta-feira, 4 Outubro, 2023 - 15:15

Foto: Claudio Rabelo/CMBH

Com o objetivo de avaliar o atendimento das mulheres acolhidas no Hospital Risoleta Tolentino Neves, gerenciado pela UFMG por meio da Fundep, e de conhecer os serviços de atendimento e as principais dificuldades e desafios enfrentados pela instituição, a Comissão de Mulheres fez uma visita técnica ao local nesta quarta-feira (4/10). Localizada na Rua Gabirobas, no Bairro Vila Cloris, na Região de Venda Nova, a unidade, cujo atendimento é 100% pelo SUS, conta com um corpo técnico cerca de 2400 trabalhadores e atende aproximadamente 7 mil casos de urgência e emergência por mês. Os participantes reclamaram da ausência de representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. Durante a visita técnica, solicitada por Loide Gonçalves (Podemos), a equipe técnica do hospital fez uma apresentação de dados de atendimento e expôs as principais dificuldades da unidade, que tem um déficit mensal de cerca de R$2 milhões. 

Gerente médica da maternidade, Patrícia Magalhães destacou que, independente da capacidade, a unidade nunca fecha as portas para o paciente. Ela ressaltou que o hospital desenvolveu ao longo do tempo uma competência no atendimento integral à mulher. “Pacientes vítimas de violência sexual também são atendidas pela equipe da maternidade”, contou.  Diretora técnico-assistencial do hospital, Mônica Costa corroborou a informação e acrescentou que a unidade é referência no atendimento de vítimas de violência, tanto na maternidade quanto no Pronto Socorro. Segundo ela, a unidade é referência para 1,5 milhão de habitantes da Região Metropolitana e o atendimento reflete essa realidade: 60% das pacientes atendidas na maternidade e 40% dos pacientes do PS são da RMBH.

Mônica Costa afirmou que, por ser um atendimento de porta aberta (aquele que o paciente não precisa de encaminhamentos), o hospital atua sempre acima da sua capacidade e é preciso estratégias para dar conta do atendimento. “Todos os dias temos que gerenciar a  questão da superlotação. Muitas vezes o paciente fica no corredor e é atendido na maca”, observou.  A diretora revelou ainda que há uma dificuldade de comunicação com os setores públicos, o que impede, por exemplo, que leitos sejam liberados com mais agilidade e que outras instituições se responsabilizem pelas internações sociais. “Às vezes, o paciente pode ter uma alta clínica, mas como não há garantias de que o cuidado com a saúde será observado quando ele sair do hospital, somos obrigados a mantê-lo aqui até que esteja em condições de se cuidar sozinho”, disse. Ela exemplificou casos de idosos em situação de rua ou sem vínculos familiares que foram internados na instituição face a um episódio clínico agudo e, "após  solucionada a questão aguda médica, não puderam ter alta porque não encontramos uma instituição de longa permanência que pudesse recebê-los”. Esse tipo de situação, segundo ela, se prolonga por meses e é recorrente.  Mônica Costa destacou a importância de conhecer a realidade de cada unidade de referência e contrarreferência e de reconhecer que os problemas de gestão de superlotação e de falta de vagas são recorrentes e perpassam tanto unidades básicas de saúde (UBSs) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) quanto hospitais. “Isso impacta a cadeia de atendimento, uma vez que se o paciente que não conseguir ser atendido no centro de saúde próximo à sua casa, vai acabar procurando atendimento na UPA ou no hospital. 

A equipe técnica do hospital também apontou como gargalos a falta de entrosamento entre as instituições que prestam atendimento; a falta de um fluxo claro e efetivo para auxiliar na desospitalização de pacientes que necessitam de acompanhamento na rede de assistência médica ou social; e a pouca estrutura em UBSs e UPAs, o que acaba impactando de forma negativa o atendimento do hospital.

Loide Gonçalves agradeceu a oportunidade de conhecer o trabalho do hospital e a atuação no acolhimento de vítimas de violência. Ela assegurou que pretende trabalhar em parceria com outros parlamentares para fortalecer as instituições que fazem esse atendimento e avaliar a possibilidade de encaminhar emendas para o Risoleta Neves. A vereadora lamentou que as informações que chegam à CMBH são, na maioria das vezes, oriundas de matérias jornalísticas que sempre enfatizam uma certa precariedade no atendimento, sem, contudo, analisar o contexto.  Loide assegurou que vai fazer um pedido de informações ao Executivo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, com o intuito de entender o fluxo de encaminhamentos de pacientes. A vereadora revelou ainda que já protocolou um PL que prevê a criação de uma Procuradoria da Mulher, com o objetivo de dar suporte às questões jurídicas enfrentadas pelos hospitais.

Superintendência de Comunicação Institucional 

Visita técnica para analisar e avaliar o atendimento das mulheres acolhidas no Hospital Risoleta Tolentino Neves - Comissão de Mulheres