Futebol amador teme por perda de campos

Representantes do futebol amador em Belo Horizonte manifestaram, durante audiência da Comissão de Administração Pública, temor de que os campos amadores possam ser repassados para empresa de ativos municipais que está sendo criada pela Prefeitura com o Projeto de Lei 1002/2010, o que dificultaria a prática do esporte. O secretário municipal de Governo, Josué Valadão, presente à audiência, rechaçou essa hipótese e afirmou que o esporte é uma "prioridade de governo".

A audiência pública foi realizada no dia 13 de setembro, no plenário Helvécio Arantes, a pedido do vereador Iran Barbosa (PMDB), que afirmou que irá apresentar, em 60 dias, projeto com "nova política desportiva", que procurará valorizar o esporte amador.

Segundo o vereador, a audiência foi convocada após contato com equipe de futebol amador que o alertou para a mudança do contrato de comodato e cessão dos terrenos do Município (onde estão os campos amadores) de 20 anos para cinco. A grande preocupação é que essa mudança sirva como prerrogativa para que estas áreas sejam encaminhadas para a nova empresa de ativos que poderá ser implementada pela Prefeitura, o que, segundo os dirigentes de futebol amador, “mataria o esporte”.

O secretário municipal de Governo, Josué Valadão, garantiu que não existe a possibilidade de que a empresa de ativos incorpore os terrenos e rebateu crítica de um dos representantes de clubes que estava na audiência, que disse que os campos seriam usados para a edificação de casas do programa Minha Casa, Minha Vida. “Eu garanto que campo de futebol nenhum será usado para construção de prédio, uma vez que já temos a área de construção definida e o esporte é uma prioridade de governo”, afirmou.

O secretário também explicou o motivo da alteração do tempo dos contratos. Segundo ele, a diminuição da duração visa a evitar incompatibilidade com outros governos, uma vez que, sob outra administração, poderia haver novas políticas. O assessor jurídico da Secretaria Municipal de Esportes, Reinaldo Machado, apontou que este contrato de cinco anos pode ser renovado pelo tempo que for necessário, sempre de cinco em cinco anos, desde que as cláusulas contratuais sejam cumpridas.

O vereador Iran Barbosa mostrou-se preocupado com a cláusula que diz que o contrato pode ser rompido pela Prefeitura, desde que haja conveniência administrativa. O Executivo, caso acione este dispositivo, teria que avisar com antecedência de 90 dias o clube sobre a tomada do terreno. “Isso gera uma insegurança administrativa”, afirmou Iran.

Importância do esporte amador

Aproveitando a discussão em torno do futebol amador, o presidente do Pitangui Esporte Clube, Carlos Antônio Santos, ressaltou a importância social do esporte amador e suas dificuldades, como um todo. “Nós tiramos os meninos da rua, deixamos eles fora do tráfico, mas temos muitas dificuldades, como infraestrutura precária, falta de recursos. É preciso que a Prefeitura ajude mais, que olhe com carinho o amadorismo”, disse. A supervisora do Santa Cruz Futebol Clube, Claudiane dos Santos, endossou as palavras do dirigente pedindo mais apoio do Executivo.

O gerente de gestão de equipamentos da Secretaria Municipal de Esportes, Talismar da Silva, afirmou que a Prefeitura tem todo interesse em melhorar a estrutura dos esportes amadores, pois, além de favorecer a comunidade, também ajudaria ao próprio Executivo a promover seus projetos na área.

Assista o vídeo da audiência em versão compacta

Presenças

Estiveram presentes à reunião o vereador Iran Barbosa (PMDB) e os seguintes convidados: o secretário municipal do Governo, Josué Valadão; os representantes da Secretaria Municipal de Esportes: Talismar da Silva, Jackson Souza, Reinaldo Machado e Gaspar Carvalho; o diretor do departamento de Futebol Amador da Federação Mineira de Futebol (FMF), Marco Arthur de Mendonça; e os dirigentes do Santa Cruz Futebol Clube e Pitangui Esporte Clube: Claudiane dos Santos; Marlon Evangelista; Carlos Antônio Santos e Sebastião de Sá.

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