Mulheres cobram abertura da Maternidade Leonina Leonor
Projeto parado há seis anos, a implantação da Maternidade Leonina Leonor, em Venda Nova, representaria um novo modelo de assistência ao parto, respeitando as escolhas e o protagonismo da mulher. Em audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento, na tarde desta terça-feira (22/9), mulheres ativistas pelo parto humanizado cobraram informações e medidas do poder público. Foi estabelecida uma comissão da sociedade civil para dialogar com o Executivo e viabilizar a instalação da nova unidade.

Mobilizadas com a hashtag #NasceLeonina, entidades reivindicaram clareza sobre a situação da maternidade - Foto: Bernardo Dias
Com inauguração prevista para 2009, a Maternidade Leonina Leonor (Venda Nova) está até hoje fechada, aguardando conclusão das obras. Elaborado, à época, pela Secretaria Municipal de Saúde para incorporar a rede pública de saúde, com o apoio de diversas entidades de assistência e defesa da mulher, o projeto da nova maternidade propõe a implantação de um modelo de assistência ao parto mais humanizado, que respeite as escolhas e o protagonismo da mulher. Em audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento, na tarde desta terça-feira (22/9), mães, gestantes, profissionais da saúde e outras mulheres ativistas pelo parto humanizado cobraram informações e medidas do poder público. Foi estabelecida uma comissão da sociedade civil que se reunirá com os secretários de saúde do Município e do Estado para viabilizar a instalação da nova unidade.
Mobilizadas com a hashtag #NasceLeonina, diversas entidades e movimentos pró parto humanizado reivindicaram mais clareza sobre a situação da Maternidade Leonina Leonor para que seja possível planejar conjuntamente a abertura da unidade. “A questão aqui não é falta de leitos, não é abrir espaços, mas quais espaços as mulheres estão reivindicando para si e para seus filhos”, alertou a presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras, Kleyde Ventura. Referendada pela manifestação da plenária, a enfermeira destacou a importância da qualificação desses locais de atendimento para que favoreçam o empoderamento da mulher e respeitem o direito de escolha da gestante sobre toda rotina e procedimentos adotados em seu parto.
Presidente da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde, a pediatra Sônia Lansky explicou que o projeto de implantação da maternidade conta com sete salas de parto, sendo seis delas equipadas com banheiras. “Modelos de ambiência adequados, com espaço e conforto para a gestante e seus acompanhantes”, destacou Lansky, defendendo o compromisso da equipe de trabalho com a humanização do parto. Conforme a gestora, o projeto foi interrompido após a troca de gestores municipais e a desistência das empresas participantes do processo licitatório.
Normal x cesariana
Autor do requerimento para a audiência, o vereador Gilson Reis (PCdoB) afirmou seu apoio à assistência humanizada ao parto e ao parto normal, em oposição ao que chamou de indústria da cesariana, que estaria crescendo, especialmente, nas maternidades privadas, por ser um procedimento mais caro e mais lucrativo.
“O SUS não é 2ª opção. É de todos nós. E deve atender a todos com excelência”, alertou a advogada e ativista pela ONG Parto do Princípio Gabriella Sallit, lembrando que muitas mulheres têm buscado o atendimento pelo SUS no Hospital Sofia Feldman, não por falta de plano de saúde, mas por opção de assistência humanizada ao parto. “O SUS está pautando a rede suplementar. Está ensinando a atender à lei do acompanhante, a oferecer assistência humanizada. Empoderando a mulher”, concluiu.
Encaminhamentos
Também advogada e ativista, Sílvia Raquel afirmou repúdio aos demais parlamentares da Comissão de Saúde e Saneamento que deixaram a audiência sem ouvir nenhuma das participantes, “como se não tivéssemos nada a dizer a eles”, lamentou. Diante da ausência dos demais membros do Legislativo e do Secretário Municipal de Saúde foi deliberada a formação de uma comissão da sociedade civil para estudar as possibilidades de gestão da nova maternidade e pressionar o Município e o Estado para que se abram ao diálogo.
O grupo de trabalho reunirá ativistas das diversas ONGs e movimentos presentes, assim como enfermeiros e médicos, para discutir o melhor modelo de assistência a ser implantado, inclusive avaliando os hospitais de referência a que a maternidade poderá estar vinculada.
Foi encaminhada a realização de audiência pública sobre o tema no âmbito do Conselho Municipal de Saúde e de uma visita técnica parlamentar, aberta a todos os interessados, ao local onde está construída a Maternidade Leonina Leonor. A visita foi aprovada no início do encontro, em reunião ordinária da Comissão de Saúde e Saneamento, para o próximo dia 3/10 (sábado), à 9h.
Assista ao vídeo na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional