Estudantes apresentam pesquisa sobre Lagoa da Pampulha
A pesquisa aponta alto índice de poluição e falta de saneamento nas margens dos efluentes

Pesquisa aponta alto índice de poluição e falta de saneamento nas margens dos efluentes - Foto: Divulgação CMBH
Com o objetivo de apresentar ao Legislativo e ao Executivo resultados da pesquisa de campo sobre a qualidade da água da Lagoa da Pampulha, 200 alunos das escolas públicas estaduais Governador Milton Campos e Escola Estadual Olegário Maciel reuniram-se nesta manhã (7/11), na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O encontro faz parte do projeto Água em Foco - Qualidade de Vida e Cidadania, uma parceria entre Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Copasa e Escola do Legislativo.
Na pesquisa, foi encontrado um índice significativo de poluição na Lagoa da Pampulha. Para a análise, foram utilizados vários parâmetros, como turbidez, índice de PH e presença de coliformes. Segundo Juan Venâncio, 17 anos, aluno da Escola Estadual Central, foram encontrados coliformes fecais, o que revela a dispersão das redes residencias na Lagoa da Pampulha. Outro problema apontado foi a falta de saneamento básico nas margens dos efluentes que deságuam na Lagoa. Com a falta de saneamento, todo o esgoto das ocupações é dispersado diretamente nos efluentes sem tratamento, poluindo a Lagoa.
De acordo com Venâncio, as indústrias também provocam poluição e não são fiscalizadas pelo poder público, que estabelece regras para que a indústria seja responsável pelo tratamento da água, antes de dispersá-la diretamente nos efluentes. Com a poluição, a água da Lagoa da Pampulha foi avaliada como água doce classe 4, que pode ser utilizada somente para navegação e paisagismo. “Queríamos que a água fosse avaliada na classe 3, o que proporcionaria o cultivo de alimentos, o tratamento de plantas e a dessedentação dos animais”, destacou. Na explanação, foram cobrados projetos e ações do poder público para solucionar o problema de saneamento às margens dos efluentes.
Pedro Henrique Medeiros, 17 anos, da Escola Olegário Maciel, ressaltou que, em relação a análises anteriores, houve uma melhora quanto ao índice trófico, que é o grau de incidência de luz sobre a água, que pode ocasionar tanto o crescimento desordenado de algas, quanto o seu desaparecimento. Outro ponto avaliado foi o índice de qualidade da água, que apresentou uma melhora em determinados níveis, mas uma piora em outros, de acordo com parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Objetivos do projeto
Segundo a coordenadora do projeto Água em Foco na UFMG, Nilma Soares da Silva, o objetivo é levar o conhecimento científico aos estudantes, a fim de que reconheçam o problema ambiental da Lagoa da Pampulha, para que, assim, possam cobrar soluções do poder público. De acordo com ela, o projeto também tem por finalidade conscientizar os alunos sobre a responsabilidade e o papel de cada um para resolver a questão.
Para o vereador Leonardo Mattos (PV), membro da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, o evento visa aproximar academia e Legislativo, proporcionando aos estudantes a prática do conhecimento científico quanto à qualidade da água. O vereador ressaltou que o encontro é uma oportunidade dos alunos exercerem a cidadania, cobrando ações do administrador público e conscientizando-se, a si próprios, sobre sua responsabilidade. Mattos informou, ainda, que vários projetos sobre o tema tramitam na Câmara, ressaltando que a política de ocupação do solo tem influência direta sobre a qualidade da água oferecida à população. “Tendo em vista o cenário alarmante relativo à crise de abastecimento de água no país, especialmente na região Sudeste, será realizada sessão extraodinária na Câmara Municipal, para votar cerca de 40 projetos que tratam do assunto", contou o vereador, como o PL 1332/14, que proíbe a utilização de água para varrição hidráulica de passeios, calçadas e sarjetas quando ocorrerem baixos índices de oferta de água pela rede pública de abastecimento na capital, prevendo multa de um salário mínimo em caso de descumprimento.
O assessor do secretário municipal da Regional Pampulha, Márcio Lima, também salientou a importância do projeto de criar um ambiente de debate e construção de ideias. “A iniciativa é extremamente salutar para o processo de aprendizagem dos alunos, pois fomenta o exercício da cidadania, impulsionando-os a contribuir com propostas para cidade”, concluiu.
Para a gerente da Escola do Legislativo, Dagma Martins, o Água em Foco é uma oportunidade dos alunos apresentarem o trabalho sobre a Lagoa da Pampulha, dando a eles a palavra e aproximando-os do Legislativo e do Executivo.
Além do projeto Água em Foco, foi sugerido pelos estudantes debater outros temas de igual relevância na Câmara Municipal, como urbanismo, trânsito e violência, em parceria com instituições de ensino, dando aos estudantes a oportunidade de trocar informações e conhecimento com o Poder Público.
Superintendência de Comunicação Instituiconal