SEGURANÇA NOS ESTÁDIOS

Comissão quer ampliar diálogo para prevenir vandalismo e agressões

Novas audiências envolverão o governo estadual nas discussões sobre o tema

quinta-feira, 21 Novembro, 2013 - 00:00
Vereadores Leonardo Mattos, Elvis Côrtes e Pedro Patrus entre os representantes da SMEL e da torcida Máfia Azul

Vereadores Leonardo Mattos, Elvis Côrtes e Pedro Patrus entre os representantes da SMEL e da torcida Máfia Azul

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (21/11), por solicitação do vereador Leonardo Mattos (PV), a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor deu início a um diálogo com autoridades e torcidas organizadas sobre a prevenção da violência nos estádios da capital. Entre as iniciativas propostas no âmbito do Legislativo está o projeto de lei de autoria de Mattos, que regulamenta a entrada de bandeiras em dias de jogos. Representantes da Máfia Azul apresentaram as medidas que vêm sendo tomadas pela agremiação para evitar as ocorrências e punir os responsáveis.

Na abertura da audiência, Leonardo Mattos ressaltou a importância e o destaque do futebol na cultura e no lazer dos brasileiros e a projeção alcançada pelo país através desse esporte. Lembrando as glórias e conquistas dos times da capital mineira, que alcançaram repercussão nacional e internacional, e atribuindo a eles a escolha de BH como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, o parlamentar destacou a valorização do futebol como forma de fomento ao turismo e à economia do município.

No entanto, segundo Mattos, nem todos os envolvidos, e mesmo alguns torcedores, são favoráveis ao porte de bandeiras dentro dos estádios, por questões de segurança. O vereador citou o caso de um torcedor que relatou ter sido agredido por outro ao se queixar que sua bandeira o estava impedindo de enxergar o jogo. Para ele, é necessária a ação do poder público sobre a questão, por meio do diálogo e do estabelecimento de acordos com administradoras, times e torcedores, além da penalização dos envolvidos nas ocorrências.

Já o presidente da Comissão, vereador Elvis Côrtes (SDD) declarou-se contrário à liberação das bandeiras, alegando as ocorrências de violência e vandalismo em que os mastros podem ser utilizados como armas. Ele relatou os transtornos e a insegurança enfrentados durante ida ao Mineirão com o filho, e criticou duramente a administração do estádio. “Belo Horizonte não está preparada para receber a Copa do Mundo.”, alertou.

“Elitização”

Pedro Patrus (PT) reclamou ainda do alto custo dos ingressos, que gerou a elitização e a ausência das pessoas de baixa renda dos eventos. Para ele, a exploração capitalista do futebol e os interesses de veículos de comunicação afastaram os torcedores tradicionais, que tinham nos jogos uma opção de lazer atrativa e barata. Apesar de reconhecer que algumas bandeiras podem eventualmente prejudicar a visão do campo, ele defendeu o diálogo como forma de garantir o uso responsável e lamentou a ausência das concessionárias e da Polícia Militar no debate.

Representando o secretário municipal de Esporte e Lazer, Romeu Malagoli afirmou o posicionamento “amplamente favorável” da pasta à entrada de bandeiras nos estádios, com a devida regulamentação e observação das medidas de segurança, e sua disposição em participar dos diálogos sobre as questões referentes aos estádios.

Torcida faz sua parte

Os vereadores citaram ainda a questão das torcidas organizadas, muitas vezes responsáveis ou responsabilizadas pelas ocorrências de brigas e badernas. Côrtes informou que tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que prevê a extinção e a proibição das torcidas organizadas no país. Segundo os parlamentares, muitos vândalos e bandidos se infiltram nesses grupos, exigindo maior controle por parte das lideranças. No entanto, conforme foi apontado na reunião, as camisas das torcidas são vendidas livremente na cidade, e os atos de muitas pessoas que não são integrantes são automaticamente associados àquela torcida, prejudicando sua imagem.

Única das torcidas convidadas que compareceu à audiência, a Máfia Azul reconheceu a parcela de culpa das torcidas organizadas e revelou as medidas que vêm sendo tomadas para garantir a prevenção e a devida punição a casos de violência e vandalismo por parte de seus membros. Segundo o diretor e o advogado da agremiação, Daniel Alves e José Augusto Medeiros, após a última punição recebida está sendo feito um novo cadastramento dos membros da torcida, que existe há 36 anos. Para isso, o torcedor deve apresentar RG, foto, comprovante de endereço e atestado de bons antecedentes, e o cadastro ficará à disposição das autoridades.

Também com a finalidade de facilitar a identificação de infratores e a consequente expulsão destes do grupo, os dirigentes informaram que todas as bandeiras utilizadas são devidamente numeradas e é feita a identificação completa do torcedor que irá portá-la, que se torna responsável por qualquer problema registrado. Além disso, a Máfia Azul informou a promoção de campanhas e palestras sobre a questão, com vistas à pacificação dos estádios, e solicitou o apoio de todos os envolvidos, inclusive dos times.  

Entre as recomendações feitas aos dirigentes de torcidas nessas ocasiões estão o banimento dos “cantos de guerra”, que incitam o confronto, e sua substituição por cantos de incentivo e amor ao time.

PL regulamenta uso de bandeiras

Leonardo Mattos explicou que o PL 581/13 foi uma resposta à proibição da presença de bandeiras nos estádios do município, determinada em decorrência de confrontos e depredações promovidas por torcedores. Atualmente, as concessionárias que administram as arenas criaram regulamentações próprias, mas, segundo Mattos, a lei garantirá que a Minas Arena e a BWA, que gerem o Mineirão e o Independência, respectivamente, não tentem bani-las novamente. “As bandeiras compõem a paisagem dos estádios, e não dá para conceber um grande espetáculo sem sua presença”, defendeu o parlamentar.

Além do uso de bandeiras, faixas e outros objetos, o projeto contempla a prevenção da violência nas áreas internas e externas dos estádios por meio da instalação de câmeras de segurança e proibição de acesso às arenas por 24 meses em casos comprovados de envolvimento em ocorrências dentro ou no entorno dos campos esportivos.

Novas audiências

Também lamentando a ausência de representantes das administradoras dos estádios, Polícia Militar e secretarias extraordinárias estadual e municipal da Copa do Mundo, Leonardo Mattos disse que irá solicitar a realização de novas reuniões para tratar esses e outros temas referentes aos estádios e aos eventos esportivos na cidade. Para dar continuidade e ampliar o diálogo, o parlamentar quer envolver a Assembleia Legislativa e o governo do Estado, já que cabe a este a gestão dos estádios da capital.

Nesse sentido, o vereador solicitou ao representante da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer que encaminhe à pasta a sugestão de buscar a municipalização dessa gestão, uma vez que os espaços estão instalados na cidade e afetam diretamente sua vida e a de seus moradores. “Não podemos ter essas ‘ilhas’, esses ‘consulados’ dentro da cidade, afirmou. Mattos elogiou o empenho da Máfia Azul sobre a questão e assegurou que o diálogo e a soma de esforços entre as partes permitirá que famílias voltem a frequentar os eventos, projetando uma imagem mais positiva da cidade.

Assista aqui à reunião na íntegra. 

Superintendência de Comunicação Institucional