AUDIÊNCIA PÚBLICA

Vereadores vão discutir violência policial contra foliões

PM usou bombas de gás e tiros de borracha para encerrar desfile de Carnaval na Pça Raul Soares

sexta-feira, 19 Fevereiro, 2016 - 00:00
Violência policial contra foliões no desfile do Bloco da Bicicletinha será debatida em audiência pública. Imagem: Divulgação

Violência policial contra foliões no desfile do Bloco da Bicicletinha será debatida em audiência pública. Imagem: Divulgação

Bombas de gás e efeito moral, tiros de borracha, tapas, chutes, ameaças e agressões verbais, provocados pela Polícia Militar (PMMG), marcaram o encerramento do desfile do Bloco da Bicicletinha, na noite da quinta-feira (4/2), pré-Carnaval 2016, no Centro da capital (Praça Raul Soares). Denúncias de ciclistas, diversos foliões e motoristas que acompanhavam a passagem do bloco apontam para uma atuação abusiva, truculenta e injustificada da PM. Tendo ocorrido situação similar no dia seguinte, nos desfiles dos blocos Tchanzinho Zona Norte e Angola Janga, a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor realizará audiência pública para debater a violência policial na cidade. O encontro é aberto a todos os interessados e acontece na próxima terça-feira (23/2), a partir das 13h30, no Plenário Helvécio Arantes.

Diante da repercussão pública da confusão e da divulgação de vídeos que mostraram a violência da atuação da Polícia Militar, a corporação emitiu nota posterior explicando que um dos ciclistas havia jogado uma bicicleta em direção à viatura. Os foliões acusam o absurdo do argumento e denunciam que uma viatura forçou sua passagem pelo meio do bloco, sem sinalizar intenção, ligar a sirene ou mesmo anunciar a travessia, atropelando um dos ciclistas. Exaltado com o ocorrido, o folião acabou sendo preso e, segundo ele, foi pressionado a assumir a versão policial de que teria lançado sua bicicleta contra a viatura. Às pessoas que tentaram ajudá-lo ou questionar a detenção, conforme depoimentos, a PM respondeu com bombas de gás, tiros de borracha e outras formas de agressão e humilhação.

Autor do requerimento para a audiência, o vereador Pedro Patrus (PT) afirma que “essas agressões são uma afronta ao cidadão de Belo Horizonte, que espera que a polícia haja como um órgão de segurança gerenciador de crise e não de repressão a manifestações culturais”. O parlamentar destaca ainda que, “além dos abusos da PM, os ciclistas foram desqualificados pelo prefeito Márcio Lacerda”, que os considerou um coletivo formado por “rebeldes sem causa”, nas palavras do chefe do Executivo. “No entanto - alerta Patrus - a causa defendida pelo coletivo é uma das mais importantes para a cidade, pois propõe uma alternativa à péssima política de mobilidade urbana do município”.

Convidados

A reunião deve contar com a participação do secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Vasconcellos; do comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel PM Marco Antônio Bianchini; do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB/MG), Antônio Fabrício Gonçalves; da defensora pública do Estado de Minas Gerais, Júnia Roman Carvalho; do secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, e de representantes dos foliões e de movimentos culturais, como Ludmilla Zago (Família de Rua) e Túlio Castanheira (Bloco da Bicicletinha).

Superintendência de Comunicação Institucional