FUTEBOL E POLÍTICA

Ex-vereadores que foram jogadores discutem a Copa

João Leite, Reinaldo e Piazza relacionam questões sociais e futebol

segunda-feira, 16 Junho, 2014 - 00:00
Ex-vereadores que foram jogadores discutem a Copa

Ex-vereadores que foram jogadores discutem a Copa

A TV Câmara de BH promoveu um debate sobre futebol e política entre três jogadores que já foram vereadores de Belo Horizonte: João Leite, Piazza e Reinaldo.  João Leite e Reinaldo são ídolos atleticanos que também integraram a seleção brasileira. Reinaldo foi vereador em 2004. O antigo camisa nove disputou a Copa da Argentina em 1978 e jogou nas eliminatórias da Copa de 1982. João Leite foi o segundo goleiro da Copa América de 1979 e o titular da seleção vice-campeã no Mundialito do Uruguai de 79 para 80. É o jogador que mais vezes atuou com a camisa atleticana, e em 1992 se elegeu vereador. Já Piazza, campeão mundial de 1970 e ex-atleta ídolo do Cruzeiro, também jogou na Copa do Mundo de 1974 e na Copa América de 75, sendo vereador de Belo Horizonte de 1972 a 1988.

Reinaldo considerou que o futebol colaborou muito com a autoestima do brasileiro: “Depois que o Brasil ganhou a Copa de 58, os brasileiros sentiram algo que nunca tinham sentido, de serem um dos protagonistas no mundo. Com a Copa, o Brasil teve esse grande destaque e isso abriu a possibilidade para todos sonharem que, por meio do futebol, pudessem ser também vencedores”.

Futebol X problemas sociais

Entretanto, João Leite e Reinaldo concordaram que há necessidades mais urgentes para serem solucionadas pelo poder público do que investir em futebol, e que as pessoas estão atentas para isso. “Nós convivemos com os dois lados, o futebol e a vida pública. Não poderíamos gastar mais com o futebol do que com a saúde e a segurança, por exemplo. E as pessoas fizeram as contas. De um lado está o futebol, que elas gostam, e de outro as decisões governamentais, em que se considera que o gasto poderia ter sido menor”, afirmou Leite, apoiado por Reinaldo.

Piazza vê os jogos como uma espécie de “despertador” para os governantes acerca dos problemas sociais. Ele poupou a Fifa que, segundo ele, visa o lucro. Mas considerou que o Brasil “comete um pecado” ao aportar ou facilitar recursos para instituições privadas que conseguiriam recursos sem a necessidade de ajuda do governo para eventos desse porte. Entretanto, ponderou que, apesar de as questões da segurança, saúde e educação, por exemplo, não poderem ser deixadas de lado em detrimento do esporte, “ele (o esporte) representa a saúde, a segurança, a cidadania, a formação de caráter, o princípio de ter uma sociedade bem ajustada e harmoniosa”.

João Leite, Piazza e Reinaldo apontaram que, historicamente, os governos sempre usaram e usam o futebol em benefício próprio. Para Reinaldo, o futebol é um agente promotor de mudanças.

Mudança de mentalidade

Os ex-jogadores e ex-vereadores também concordaram que houve uma mudança de mentalidade dos próprios jogadores atualmente, tomada de consciência que não existia antes: “Em 1970 nós estávamos no auge da ditadura, só que não tínhamos consciência. Hoje eu vejo vários jogadores, principalmente ex-atletas como vocês, que estão mais identificados com os problemas sociais e, evidentemente, também fazendo parte como representantes da sociedade, do povo”, disse Piazza.

Outro ex-vereador de Belo Horizonte que também foi jogador de futebol é Toninho Cerezo, atualmente treinador do Kashima Antlers, do Japão. Atuou no Atlético Mineiro e também jogou na Seleção em 1978 e 1982. Foi eleito vereador em 1984.

Assista ao bate-papo em reportagem no Jornal da Câmara na próxima quarta-feira (18/6), às 18h45, no canal 11 (a cabo).

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