POLUIÇÃO SONORA

Seminário aborda efeitos do barulho para a saúde e medição de ruídos

Aberto ao público e gratuito, o Seminário “Poluição Sonora no contexto urbano atual” é realizado nesta quinta-feira (27/11) pela Câmara Municipal, por meio da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana. No período da manhã, especialistas discutiram dois tópicos: poluição sonora, bem-estar e saúde pública; e mapeamento de ruídos. Parlamentares pretendem modernizar a legislação municipal que trata do tema.

quinta-feira, 27 Novembro, 2014 - 00:00
Seminário sobre o tema aborda saúde pública e medição de ruídos. Foto: Divulgação CMBH

Seminário sobre o tema aborda saúde pública e medição de ruídos. Foto: Divulgação CMBH

A Câmara Municipal realiza, nesta quinta-feira (27/11), por meio da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, o Seminário “Poluição Sonora no contexto urbano atual”. Aberto ao público e gratuito, o evento reune especialistas para fornecer subsídios visando revisar, modernizar e consolidar as normas municipais sobre poluição sonora. No período da manhã, o público participou de dois painéis: “Poluição sonora e qualidade de vida: bem-estar e saúde pública” e “Mapeamento e medição de ruídos: critérios acústicos e planejamento urbano das cidades”.

“O objetivo é partirmos para a construção de uma modernização da nossa legislação. O eixo principal nesse momento é a busca da pacificação das relações entre cidadãos, empreendedores e prefeituras”, afirmou o vereador Leonardo Mattos (PV), que solicitou o seminário e coordenou o primeiro painel.

Qualidade de vida

O primeiro painel teve como tema “Poluição sonora e qualidade de vida: bem-estar e saúde pública”, e foi abordado por Fernando Pimentel de Souza, professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em Neurofisiologia e membro do Instituto de Pesquisa do Cérebro (UNESCO, Paris). Ele se concentrou nos assuntos estresse e insônia, que seriam os principais danos causados pela poluição sonora.

Com o auxílio de pesquisas científicas, algumas delas desenvolvidas por ele, Pimentel de Souza explicou as funções do sono e suas fases, os tipos de insônia, as causas internas e externas dos distúrbios do sono, a relação do sono com a melhoria da saúde, os níveis de ruído e suas consequências e leis que tratam do tema, dentre outros assuntos. Para ele, não deve existir horário para ruídos acima do saudável: “Perturbação é perturbação a todo o momento”, esclareceu.

Segundo o palestrante, a insônia e o barulho podem provocar desde problemas de atenção e memória, baixa criatividade e falta de vitalidade, até acidentes de trabalho e de trânsito, aumento da violência, câncer e Mal de Alzheimer, dentre outros males.  O professor ofereceu sugestões para dormir bem, como relaxar uma hora antes de dormir, acordar em horários regulares e comer pouco à noite. Também elencou medidas que necessitam de intervenções governamentais: pedir mais atuação do Ministério Público em relação ao tema, fixar níveis máximos de ruído para cada ambiente ou atividade, construir barreiras acústicas em locais críticos e vias subterrâneas para abolir o eixo do trânsito intenso, realizar campanhas pela “cultura de silêncio” etc.

Mapeamento de ruídos

Em seguida, a palestrante Lygia Niemeyer falou sobre “Mapeamento e medição de ruídos: critérios acústicos e planejamento urbano das cidades”. Niemeyer é arquiteta e urbanista, mestre em Conforto Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (PROARQ) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela tratou dos tópicos fontes de poluição sonora e mapas de ruído, além de apresentar um estudo de caso. A poluição sonora tem dois principais componentes, segundo a palestrante: aumento da frota de veículos e morfologia urbana (a forma como a cidade é projetada e/ou ocupada).

Para medir a poluição sonora urbana, é feito o “mapa de ruído”: representação gráfica da distribuição dos níveis de ruído na cidade, tanto por medição direta quanto por ferramentas computacionais. A partir desse mapa pode-se, por exemplo, verificar a influência de cada fonte de ruído e a conformidade com a legislação, avaliar cenários futuros gerados por intervenções urbanas e otimizar medidas mitigadoras. “O mapa é uma ferramenta para tomar decisões, mas é necessário apoio governamental para que seja feito na cidade inteira”, pontuou Niemeyer. Segundo ela, os métodos computacionais de avaliação prévia não são exigidos pela legislação brasileira.

“Nós já estamos trabalhando essa questão da adequação da lei em nível municipal, com previsão de modificações na Lei de Uso e Ocupação do Solo e criação de diretrizes para determinados tipos de comércio. Mas são discussões que vão se aprofundando na medida em que os projetos de lei forem sendo apresentados”, ponderou o coordenador do segundo painel, vereador Autair Gomes (PSC).

Além de mostrar o estudo de caso de um mapa específico e explicar sua construção, a palestrante também explanou formas de diminuir o barulho por meio de soluções arquitetônicas e urbanísticas, como construção de edifícios-barreira, revestimento de solo, criação de áreas protegidas, dentre outras. “Mas é necessária uma revisão na legislação e entender o papel do arquiteto e do planejador, como forma de contribuir para a diminuição da poluição sonora”, finalizou.

Confira como foi a segunda parte do seminário, no período da tarde.

Assista aqui à primeira parte do Seminário. 
Segunda parte / Terceira parte

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