Hospital do Barreiro

Comissão constata funcionamento e atendimento reduzido

Capaz de atender 451 leitos, o hospital recebe somente 45 pacientes/dia por falta de recursos

segunda-feira, 29 Fevereiro, 2016 - 00:00
Capaz de atender 451 leitos, o hospital recebe somente 45 pacientes/dia por falta de recursos - Foto: Divulgação CMBH

Capaz de atender 451 leitos, o hospital recebe somente 45 pacientes/dia por falta de recursos - Foto: Divulgação CMBH

Com 39 leitos de internação, 6 leitos de CTI e cerca de 200 funcionários, o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, conhecido como Hospital do Barreiro, após três meses de inauguração e com capacidade para atender 451 leitos, atende somente 45 pacientes do SUS por dia, devido à falta de recursos dos governos federal e estadual. Cem por cento dos recursos vêm da prefeitura, que faz um repasse mensal de R$ 3 milhões à parceria público-privada. Os dados foram apurados em visita técnica da Comissão de Saúde e Saneamento, nesta segunda-feira (29/2), quando deliberou-se por discutir, junto à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, a viabilização de recursos para o pleno funcionamento do hospital.

Na visita, constatou-se que o atendimento de pronto-socorro não está funcionando de porta aberta, ou seja, o atendimento é referenciado, visando monitorar o tipo de paciente que chega ao hospital. Segundo o diretor executivo do Hospital Metropolitano Célio de Castro, Flávio Duffles, após 70 anos a prefeitura entrega mais um hospital à população, que não deixa nada a desejar a nenhum hospital do país em termos de estrutura e tecnologia. Contudo, segundo ele, o hospital está pronto para realizar os atendimentos, dependendo, exclusivamente, de recursos. Duffles informou que, quando estiver em pleno funcionamento, o hospital contará com 320 leitos de internação.

Funcionamento

Os pacientes do SUS são encaminhados pela central de leitos ao Hospital do Barreiro, conforme condições de atendimento. Com uma equipe de médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas, o hospital não possui pediatria nem maternidade.

Funcionando com 10% de sua capacidade, o Hospital Metropolitano do Barreiro possui sala de emergência, mas ainda inoperante, com previsão futura de atender 12 leitos simultâneos. O bloco cirúrgico possui 16 salas, totalizando 80 leitos de CTI. O custo do hospital é de cerca de R$ 5 milhões, sendo repassados pela prefeitura R$ 3 milhões à parceria público-privada.

Estrutura

Conforme informou Lucinéia Carvalhais, médica do Hospital do Barreiro, a estrutura tem capacidade para manter-se em pleno funcionamento, sem interrupções por falta de manutenção. Quanto à estrutura assistencial, há uma organização da forma de trabalho e de serviços, que também podem servir de modelo para o SUS. Segundo Carvalhais, para todas as categorias profissionais, também está prevista formação de recursos humanos. Quanto à tecnologia, Carvalhais citou como exemplo o pneumático, um “elevador” deslocado de um setor a outro, com amostras de sangue e de outros materiais e medicamentos, dentro de cápsulas específicas que direcionam para o laboratório e para a farmácia. “É uma estrutura física que possibilita a permanência dos técnicos de enfermagem e da equipe assistencial junto ao paciente”, explicou.

Conselhos e Sindicatos

A presidente do Conselho Distrital de Saúde do Barreiro, Ilda Alexandrino, destacou, por sua vez, a grave epidemia de dengue no Barreiro, tendo como consequência a incapacidade da Upa e do Hospital Júlia Kubitschek de atender os pacientes.

Segundo a diretora da área de saúde do Sindibel, Ângela de Assis, conforme publicado no Diário Oficial do Município (DOM) em dezembro do ano passado, na assistência social foram contratados cerca de 250 profissionais, que já estão trabalhando no hospital, além dos 300 profissionais que atuam na logística.  “Num momento de crise na urgência e na emergência com a questão da dengue e poucos profissionais na área da saúde, principalmente de nível médio, constata-se no hospital uma subutilização, tanto de espaço físico quanto de mão de obra”, afirmou Assis.

Pontos destacados

O vereador Gilson Reis (PCdoB) criticou os recursos destinados à PPP. “Questiono o modelo, pois acho que o dinheiro não deveria ser destinado ao setor privado e sim ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, avaliou. O vereador Adriano Ventura (PT) também questionou a parceria público-privada. “Não seria melhor pelo menos mais 10 Upas em Belo Horizonte? O empresário não visa saúde para todos, mas sim o lucro”, completou.

Na visita, o presidente Comissão de Saúde e Saneamento, vereador Márcio Almeida (PSD), convocou os colegas, da situação e da oposição, a cobrarem do governo federal e do Estado os recursos necessários para melhorar o atendimento da população de Belo Horizonte e de toda a Região Metropolitana. “A parceria público-privada tem demonstrado que funciona e o hospital encontra-se com todos os equipamentos em pleno uso”, avaliou.

O vereador Veré da Farmácia (PSDC) também considerou muito boa a estrutura do hospital, mas disse que a população tem reivindicado melhores condições de atendimento. “Primeiro, o paciente tem que passar por uma Upa e, se o caso for de urgência, será encaminhado para o Hospital do Barreiro. “As Upas estão sobrecarregadas por causa da dengue e os pacientes muitas vezes tomam soro nos corredores. Por isso, pode ser aberta uma sala de emergência no hospital”, lembrou.

De acordo com o vereador Dr. Nilton, que requereu a visita, o hospital possui uma estrutura capaz de oferecer um excelente atendimento à população, levando em consideração o seu potencial, com 12 salas de bloco cirúrgico e 1 pronto-atendimento, que não funciona de porta aberta. Para Nilton, é preciso unir forças para discutir a questão do custeio. Assim, ele informou que a Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara discutirá a questão junto à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. “A prefeitura já está pagando ao parceiro privado a construção do hospital. Além disso, os equipamentos também têm um tempo de vida útil e vão se desgastando, mesmo sem uso, e a população fica sem atendimento”, apontou. Nilton ressaltou, ainda, que o hospital poderia ter um espaço para desafogar o atendimento de outras unidades, muitas vezes realizado sem nenhuma infraestrutura.

Superintendência de Comunicação Institucional