AUDIÊNCIA PÚBLICA

Ambientalistas questionam abandono dos fícus e cobram revitalização

Prefeitura estuda substituição das árvores nas avenidas Bernardo Monteiro e Barbacena e na Pça da Boa Viagem

segunda-feira, 25 Agosto, 2014 - 00:00
PBH propõe discutir revitalização de áreas dos fícus

PBH propõe discutir revitalização de áreas dos fícus

A degradação das árvores do gênero “fícus” em duas grandes avenidas da cidade (Bernardo Monteiro, no Bairro Funcionários, e Barbacena, no Barro Preto) e na Praça da Boa Viagem (bairro Centro) esteve em debate nesta segunda-feira (25/8), na Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana. De um lado, ambientalistas criticaram o corte de inúmeros galhos verdes e cobraram uma política de proteção das árvores. Já a Prefeitura explicou que poda folhas e galhos, ressacados pela ação mosca-branca-do-fícus, para evitar acidentes. Enquanto aguarda análises da Fiocruz, a Prefeitura estuda a substituição da espécie.

“Nós já fizemos uma audiência pública no início do problema dos fícus da Bernardo Monteiro e algumas questões ficaram pendentes. Outras caminharam, como o combate à mosca-branca. A Prefeitura criou um comitê, mas ele perdeu força e o problema das árvores e do desflorestamento permanece”, afirmou o vereador Pedro Patrus (PT), que solicitou a audiência pública.

O parlamentar ressaltou, ainda, a ausência de um programa de recuperação e proteção dessas árvores, além de podas excessivas e falta de recolocacão de espécies. Essas questões foram tematizadas por outros presentes, como membros do Movimento Fica Fícus e da Promotoria de Justiça. Várias pessoas lembraram que os fícus localizam-se majoritariamente em áreas de diretrizes especiais (ADEs), integram conjuntos urbanos tombados pelo Patrimônio e são de grande importância histórica e paisagística.

Combate à praga

Segundo informações da gerente de Gestão Ambiental da Prefeitura, Márcia Mourão Parreira Vital, as árvores foram infestadas pela mosca-branca-do-fícus, que causa grave ressecamento de folhas e galhos. O problema gera risco de queda desses galhos, com a necessidade de podas para evitar acidentes. Vital garantiu que o Executivo está buscando soluções junto a instituições como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e UFMG, corroborando com a importância histórica das áreas citadas. Uma das ações promovidas foi a utilização de óleo de nim e fungo patogênico que, ao prejudicarem o desenvolvimento dos insetos ou levá-los à morte, causou a quase completa extinção das moscas. Entretanto, a gerente objetou que a degradação das árvores continua ocorrendo – inclusive com morte de espécimes - e a Fiocruz identificou um vírus gerado pela mosca que pode estar relacionado ao problema. A Prefeitura espera uma resposta da Fundação para proceder a novas medidas.

A promotora de justiça do Meio Ambiente, Lilian Marotta Moreira, cobrou protagonismo da Prefeitura: “Solicitamos à Promotoria Estadual que fizesse análise das ADEs com diretrizes a serem tomadas, e estamos aguardando o resultado. Mas não conseguimos identificar, na Prefeitura, uma política de proteção às arvores e vemos grande número de autorizações para cortes das mesmas”.

Substituição e diálogo

A gerente da Prefeitura sugeriu a revitalização das áreas onde estão os fícus, com a substituição deles por “vegetação arbórea de grande porte e frondosa”. A representante do Movimento Fica Fícus e professora da UFMG, Myriam Bahia Lopes, criticou a falta de diálogo da Prefeitura com o movimento, afirmando que desde a primeira audiência (11/4/2013) realizada sobre o tema houve um “corte de comunicação”. Ela classificou como “surpresa desagradável” a notícia da proposta de revitalização sem atenção a medidas como adubação e irrigação. Afirmou, ainda, que o movimento tem testemunhado o corte de inúmeros galhos verdes e destruição de espécies, e garantiu que há fícus novos e sadios que poderiam permanecer no local. Outra integrante do Movimento criticou o abandono não apenas dos fícus, mas da área urbana do entorno.

A representante da Prefeitura garantiu que antes do período chuvoso é feita irrigação semanal, e sustentou que o Poder Executivo também realiza adubação periódica, negando abandono da área.  Membros do Fica Fícus insistiram na necessidade de diálogo, constância nas ações e transparência pela Prefeitura, se mostrando reticentes à ideia da substituição da espécie por outra. A promotora de justiça sugeriu a criação de um plano de arborização da cidade, por meio de comissão específica, com estudo de impactos e participação social.

BRT e estacionamentos

O vereador Patrus perguntou sobre a possibilidade de construção de um terminal do Move na Avenida Bernardo Monteiro, ideia questionada por membros do Fica Fícus. Foi levantada, ainda, a possiblidade de construção de estacionamentos subterrâneos na Avenida Pasteur, onde também existem fícus.

A gerente de Corredores e Estações da BHTrans, Celina Perdigão, informou que a Prefeitura não pretende construir terminais ou estacionamentos nas áreas dos fícus. Segundo ela, existe projeto para a instalação de um terminal para conexão com a área hospitalar na Avenida Bernardo Monteiro, entre as avenidas Francisco Sales e dos Andradas – fora da região das árvores.

A representante da Prefeitura garantiu que pretende convocar uma reunião com a sociedade civil em cerca de dez dias, mesmo sem a conclusão do estudo da Fiocruz, para discutir e traçar diretrizes para revitalização das áreas onde se encontram os fícus ameaçados.  

Assista aqui à reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional