SERRA DA GANDARELA

Vereadores e ativistas lutam pela criação de parque nacional

Medida evitaria exploração de minério de ferro em área preservada

quinta-feira, 21 Junho, 2012 - 00:00

Vereadores, representantes do Movimento pela  Preservação da Serra da Gandarela, Sindágua, Instituto Chico Mendes, ONG, PBH e Ouvidoria Ambiental do Estado defenderam, em audiência pública realizada nesta quinta-feira (21/6) pela Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, a criação do Parque Nacional Serra da Gandarela. Será agendada uma visita à Casa Civil, objetivando o apoio do governo federal.

“Não podemos basear nossa economia na exploração do minério. O movimento tem contribuído para o futuro da cidade e do Estado”, avaliou o vereador Leonardo Mattos (PV), que requereu a audiência.

Grupos de trabalho

De acordo com o ouvidor ambiental do Estado, Eduardo Machado de Faria Tavares, Minas Gerais aguarda finalização do documento-síntese de grupo de trabalho, que contou com a participação de representantes do Instituto Chico Mendes, sociedade civil organizada, Movimento pela Preservação da Serra da Gandarela, Secretaria de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável e Companhia Vale do Rio Doce. “Houve consenso quanto à criação do parque”, declarou.

Para Mário Douglas Oliveira, coordenador regional do Instituto Chico Mendes, esse processo de construção de uma proposta de parque de forma democrática é inédito no país. “Recebemos proposta da comunidade que mora na região para a criação de uma reserva de uso sustentável, que será encaminhada à Casa Civil”, informou.

Atividade mineradora

Para Gustavo Gazzinelli, do Movimento pela Preservação da Serra da Gandarela, a mineração não é uma atividade sustentável e a Vale é contra a criação do parque. “A Serra da Gandarela está protegendo todos os córregos da margem direita do Rio das Velhas. É a melhor água, que ajuda a reduzir a poluição da mineração, proveniente da margem esquerda”, justificou.

Também para José Carvalho, presidente do Movimento, a Vale acabou com as florestas de Minas com a extração do minério, sem desenvolvimento de tecnologia sustentável. De acordo com o ativista, as empresas mineradoras nunca pagaram os 19% de impostos devidos, nos quais estão incluídos direitos trabalhistas. “Do minério bruto, são pagos, ao todo, em torno de 3%. Além disso, as mineradoras não são cobradas pela água que gastam no processo produtivo”, acrescentou.

Turismo e Agricultura

Segundo José Carvalho, faltam investimentos em áreas de lazer e turismo individual e familiar na região. Para ele, poderiam ser construídas cerca de cem pousadas no local, com a elaboração de um plano diretor que permita uma ocupação ordenada, por meio de consórcio entre municípios, com financiamento do Ministério das Cidades. “Poderiam ser gerados em média quatro mil empregos indiretos e o custo para o turista seria de R$ 98,00, com a arrecadação de impostos para a região”, completou.

O preseidente do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela destacou ainda que o potencial de água limpa disponível possibilitaria a produção de orgânicos, com o apoio do Ministério da Agricultura. O presidente do Sindágua, José Maria dos Santos, reforçou que a Serra da Gandarela é responsável pelo abastecimento de água em Belo Horizonte, com qualidade, além de possibilitar a preservação do meio ambiente.

Para a bióloga da ONG Valor Natural, Gisela Hermann, o local já é documentado por estudos científicos na área de Botânica pela UFMG e Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ela destacou que a Serra da Gandarela é o ecossistema mais ameaçado do Brasil, situado sobre depósito de minério de ferro. “O local abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Além disso, não há como restaurar essa área. O que restou do Quadrilátero Ferrífero, sem sofrer ações das mineradoras, foi a Serra do Gandarela”, lamentou.

Encaminhamentos

Ao final da audiência, decidiu-se pela convocação de secretarias de Estado, empresas mineradoras e Copasa para buscar informações sobre como vêm sendo tratados rejeitos tóxicos como arsênio e cianeto, que são despejados nos rios da região.

Além do agendamento de uma reunião com representantes da Casa Civil, em Brasília, foi sugerida uma visita à Serra da Gandarela por representantes do governo municipal, estadual e federal. Os participantes cobraram, ainda, um posicionamento oficial da Câmara Municipal e da Prefeitura de Belo Horizonte a favor da criação do parque.

Participaram da audiência os vereadores Leonardo Mattos (PV), Neusinha Santos (PT) e Adriano Ventura (PT)

Superintendência de Comunicação Institucional