SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Audiência discute inclusão de novo tratamento para mioma no SUS

Para especialistas, a embolização - uma espécie de cateterismo, em que as artérias que alimentam os tumores são interrompidas, levando à atrofia dos nódulos - pode ser um procedimento menos agressivo no tratamento do mioma uterino. A nova técnica é uma alternativa a cirurgias de retirada dos nódulos e até mesmo a histerectomia (retirada do útero). Estatísticas mostram que cerca de 70 mil mulheres têm a doença em BH.

quarta-feira, 7 Março, 2012 - 00:00
Audiência Pública discute embolização para tratamento de mioma uterino e sua inclusão no plano de atendimento do SUS

Audiência Pública discute embolização para tratamento de mioma uterino e sua inclusão no plano de atendimento do SUS

Comissão de Saúde e Saneamento realizou audiência pública nesta quarta-feira (7/3), solicitada pelo vereador Léo Burguês de Castro (PSDB), para discutir a embolização como nova técnica de tratamento para o mioma uterino e sua possível inclusão no plano de serviços oferecidos pela rede pública de saúde. O mioma uterino é um tumor benigno que acomete o músculo do útero da mulher podendo causar fortes dores, sangramento, anemia, aborto e mesmo a infertilidade. Estatísticas apresentadas mostram que cerca de 70 mil mulheres têm a doença em Belo Horizonte.

Especialista convidado, representante da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Marcos Messina apresentou as vantagens do método, que é uma espécie de cateterismo em que as artérias que alimentam os tumores são interrompidas, levando à atrofia dos nódulos. De acordo com o especialista, o Brasil é referência mundial nesse tipo de tratamento, que seria uma alternativa a procedimentos cirúrgicos de retirada dos nódulos e até mesmo à histerectomia (retirada do útero). O procedimento requer apenas anestesia local e um dia de internação, reduzindo o impacto para a paciente e os riscos de infecção hospitalar.

Messina defendeu a inclusão da embolização no Sistema Único de Saúde (SUS), lembrando que resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta os planos de saúde no país, já incluiu o procedimento no rol de coberturas. “Anualmente, o SUS registra mais internações em razão de miomas uterinos do que de câncer de colo de útero ou mesmo de mama”, destacou. “Essa é uma doença que acomete cerca de 40% das mulheres em fase reprodutiva, e de forma bastante heterogênea”, ponderou.

O especialista explicou ainda que enquanto uma paciente pode ter apenas um tumor, outra pode ter 3, 5 ou mesmo 20 nódulos. Assim, o tratamento deve ser avaliado e definido de forma bastante direcionada para cada caso. De acordo com ele, 95% dos casos podem ser atendidos pelo procedimento cirúrgico padrão, porém, os outros 5%, que representam milhares de mulheres só em Belo Horizonte, precisam de um atendimento mais especializado, menos invasivo e que garanta a preservação do útero e a possibilidade de gravidez para as mulheres que assim desejarem.

Inclusão no SUS será discutida

“O que percebemos é que as pesquisas e avanços andam descompassados com o SUS”, apontou o vereador e médico Alexandre Gomes (PSB). “Por isso realizamos esta audiência pública, a fim de dar ciência sobre as novas técnicas e procedimentos menos invasivos já utilizados no sistema particular de saúde”, completou. “Este procedimento humaniza o tratamento da mulher”, afirmou Edinho Ribeiro (PTdoB), lembrando situações em que, por falta de tratamento menos agressivo, mulheres precisaram retirar o útero para eliminar os miomas. “O custo não pode ser um entrave”, ponderou.

Representante da Secretaria Municipal de Saúde explicou que reconhece o mérito do novo tratamento, mas teme a inclusão do procedimento no plano do SUS em função do alto custo e do risco de aplicações desnecessárias ou mesmo indevidas, que iriam onerar demais o Sistema Único de Saúde. A PBH anunciou que irá levantar o debate sobre a cirurgia endovascular em reunião nesta quinta-feira (8/3) com o Ministério da Saúde.

Também participaram da reunião os vereadores Márcio Almeida (PRP) e Toninho Pinheiro da Vila Pinho (PTdoB).

Superintendência de Comunicação Institucional