BULLYING

Vereadores debatem o assédio nas escolas

terça-feira, 3 Agosto, 2010 - 21:00


Vereadores debatem o assédio nas escolasDando prosseguimento ao projeto de convidar vereadores da capital para discutir temas de interesse geral da população e algumas das propostas apresentadas na Câmara Municipal, o programa Chamada Geral, da Rádio Itatiaia, recebeu os vereadores Adriano Ventura (PT), Pricila Teixeira (PTB) e Preto Sacolão (PMDB) para conversar com o apresentador Eduardo Costa sobre o bullying nas escolas. O assunto foi debatido recentemente em audiência pública e é objeto de um projeto de lei que tramita na Casa. Os programas podem ser escutados na íntegra no site da CMBH, por meio do link debate na Rádio Itatiaia.

O vereador e professor Adriano Ventura, autor de dois projetos de lei que tratam do bullying e do trote violento nas escolas, esclareceu que o termo em inglês, sem tradução em português, significa a prática de atos de violência física ou psicológica de um ou mais alunos sobre outros, de forma intencional e repetitiva, com o objetivo de discriminar e humilhar.

O assédio resulta de uma relação desigual de poder, em que o mais forte ou mais influente intimida a vítima a ponto de levá-la a quadros de angústia, ansiedade, baixa autoestima e até mesmo ao suicídio. Segundo Ventura, esse tipo de situação pode ocorrer também em outros ambientes sociais, mas é identificada como assédio moral.

A vereadora Pricila Teixeira, que também é advogada, lembrou que esse tipo de comportamento sempre ocorreu, ainda que apenas recentemente venha recebendo maior destaque nos meios de comunicação. Episódios em que se cometeram atos extremos como assassinato ou suicídio acabaram por chamar a atenção da sociedade para a questão.

Para a parlamentar, a intimidação exercida pelos “valentões” acaba por inibir as denúncias e muitas vezes os casos não chegam ao conhecimento das autoridades escolares. Por isso, é muito importante que pais e professores fiquem atentos a comportamentos agressivos, rejeição à escola, depressão e outros indícios que possam sinalizar que há algo errado.

Valores e estereótipos

Todos os participantes concordaram que o crescimento dessa prática, assim como o vandalismo, nas escolas e fora delas, decorre do desgaste de valores como a família e o amor ao próximo.

Segundo Adriano, vivemos em um mundo hedonista, em que predomina a sensação de que se pode fazer tudo, inclusive agredir as pessoas. “A sala de aula é um microcosmo do mundo”, afirma, “onde se reproduzem as situações vivenciadas pelos jovens dentro de casa e na rua”.

Porém, nem todas as brincadeiras, apelidos ou pequenas chacotas podem ser considerados como bullying. Para Preto do Sacolão, algumas fazem parte do jeito natural do brasileiro e muitas vezes são formas carinhosas de tratar as pessoas.

A mídia também foi apontada como influência, na medida em que ajuda a criar ou reforçar padrões que podem levar à estigmatização e à discriminação do outro. Estereótipos como o da “loura burra” e outros relacionados à aparência são reproduzidos em ambiente escolar e fora dele, onde muitos são ridicularizados e excluídos apenas por suas características físicas. Tecnologias modernas como a internet, se mal utilizadas, podem contribuir para o agravamento do problema ao permitir o anonimato dos agressores e uma difusão ampliada da humilhação da vítima, através do chamado ciberbullying.

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