PLANO DE JUVENTUDE

Ciclo de debates da Comissão de Educação é aberto com palestra sobre juventude e violência

Comissão de Educação realiza Ciclo de DebatesCom o objetivo de discutir problemas complexos enfrentados pelos jovens – violência, educação e trabalho –, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo realizou, no dia 25 de maio, o primeiro dia do “Ciclo de Debates: Juventude”, que tratou especificamente do tema “Juventude e Violência”.

terça-feira, 25 Maio, 2010 - 21:00

Comissão de Educação realiza Ciclo de DebatesCom o objetivo de discutir problemas complexos enfrentados pelos jovens – violência, educação e trabalho –, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo realizou, no dia 25 de maio, o primeiro dia do “Ciclo de Debates: Juventude”, que tratou especificamente do tema “Juventude e Violência”.

Os debates, que durarão três dias, visam a aprofundar discussões sobre o Projeto de Lei nº 444/09, de autoria do vereador Arnaldo Godoy (PT), que institui o Plano Municipal de Juventude.

O primeiro dia dos trabalhos contou com palestra do professor doutor Luiz Flávio Sapori, coordenador do Curso de Ciências Sociais da PUC/Minas, que abordou a violência criminal na juventude, focando os casos de homicídio, roubo e tráfico de drogas.

O Plano Municipal de Juventude, que tramita em 1º turno, é voltado para os jovens entre 15 e 29 anos e ressalta a importância da emancipação e do bem estar juvenil, aliados ao desenvolvimento da cidadania, da organização, da criatividade e da equidade de oportunidades para jovens em condições de exclusão.

Juvenescimento da violência

De acordo com o professor Sapori, observa-se hoje um fenômeno de “juvenescimento da violência”, que reflete um aumento acelerado do número de jovens na criminalidade e uma alta taxa de mortalidade nessa faixa etária (15 a 29 anos). “Os jovens estão se tornando mais violentos e são eles próprios que estão se matando”, afirmou.

“26 mil jovens são assassinados por ano no Brasil”, exemplificou Sapori, ressaltando que numa projeção de 10 anos esses números levariam à “alarmante perda de 250 mil jovens”. Segundo pesquisas que analisam o perfil dos jovens vitimados pelo crime, a maioria é do sexo masculino, negra, pobre, mora em favela, não estuda e está desempregada.

Drogas: entrada no crime

 “A carreira criminosa do jovem belo-horizontino começa com sua inserção no mercado ilícito das drogas”, relata Sapori. Em 2009, 45% dos adolescentes detidos em Belo Horizonte responderam que o uso e o tráfico de drogas foram os crimes que os levaram à detenção.

Segundo dados apresentados pelo professor, os fatores que levaram os jovens a “trabalhar” no tráfico são: desejo de ganhar muito dinheiro (33%); ajudar a família (23%); dificuldade de conseguir emprego (9,1%); ligação com amigos (8,3%); adrenalina (7,0%); sensação de poder (4,3%); prestígio (3,5%); violência familiar (2,6%).

Fatores psicossociais

Sapori apontou os altos níveis de desigualdade social, a universalização de valores individualistas e consumistas e a consolidação do tráfico de drogas como fatores psicossociais geradores da complexa problemática da violência criminal na juventude.

 “O jovem da periferia tem o desejo de ter, como os jovens da classe média rica. Há uma equalização dos desejos de consumo, mas um desequilíbrio na satisfação desses desejos em virtude da desigualdade econômica, o que gera comportamentos hostis e antissociais”, analisou.

Satori explicou que o tráfico de drogas iniciou-se com a chegada da cocaína e consolidou-se com a entrada do crack na primeira metade da década de 1980, consolidando-se “como uma atividade econômica ilícita altamente lucrativa”.

Segundo o professor, este foi um fator decisivo na sedução dos jovens pobres da periferia para realização de seus desejos capitalistas. “O mundo do tráfico representa para este jovem a visibilidade social, o poder, e a conquista do respeito do outro”, completou.

Solução

Sapori afirma que a solução para o fenômeno da violência na juventude é o tratamento preventivo, que “passa pela ação policial, não com uma postura repressiva, mas pacificadora e inclui a criação de programas para moldar novos valores sociais e de projetos nas áreas de esporte, lazer e cultura, de iniciativa pública em parceria com a sociedade civil”.

O professor ressaltou a importância da formulação de projetos específicos que atuem na violência doméstica; no acompanhamento de famílias monoparentais; no tratamento dos dependentes químicos, especialmente os usuários do crack; e na facilitação da entrada no mercado de trabalho do jovem infrator após tratamento sócio-educativo.

Responsável pela informação: Superintendência de Comunicação Institucional