PLANO DE JUVENTUDE

Ciclo de debates analisa o trabalho entre jovens pobres

Ciclo de debates analisa o trabalho entre jovens pobresEncerrando as discussões do “Ciclo de Debates: Juventude”, promovido pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal de Belo Horizonte, a professora da Universidade de São Paulo (USP), Carla Maria Cachorrano, discutiu o trabalho – e a falta de trabalho – entre jovens pob
quarta-feira, 26 Maio, 2010 - 21:00
Ciclo de debates analisa o trabalho entre jovens pobresEncerrando as discussões do “Ciclo de Debates: Juventude”, promovido pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal de Belo Horizonte, a professora da Universidade de São Paulo (USP), Carla Maria Cachorrano, discutiu o trabalho – e a falta de trabalho – entre jovens pobres. A palestra foi realizada no dia 27 de maio, no Plenário Amynthas de Barros, e acompanhada por dezenas de professores, pesquisadores, estudantes e outros interessados pela temática.

O vereador Arnaldo Godoy (PT), autor do PL 444/09 que institui o Plano Municipal de Juventude, fez um balanço dos três dias de debate: “Os palestrantes convidados, assim como o público participante, trouxeram aspectos relevantes sobre violência, educação e trabalho, que vão contribuir e dar consistência para a configuração desse novo Plano de Juventude para a capital mineira”.

Juventude trabalhadora

De acordo com a professora Carla Maria Cachorrano, “a juventude brasileira é trabalhadora”, o que significa que os jovens se inserem precocemente no mundo do trabalho, que acaba sendo combinado com os estudos.

A constatação é fruto da análise dos dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (PNAD) do IBGE, que indicam que 66% dos 35 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 29 anos estão no mercado de trabalho ou procuram trabalhar.

A pesquisa aponta que vários fatores são responsáveis pela combinação entre trabalho e estudo entre os jovens: faixa etária, cor da pele, sexo e posição da família. A chance de encontrar trabalho, assim como o tipo de atividade a ser desempenhada, também varia conforme esses fatores.

Segundo Carla Maria Cachorrano, os jovens negros começam a trabalhar mais cedo do que os jovens brancos. Porém, com o avançar da idade, os negros tendem a ter maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho. O local onde o jovem reside também influencia na conquista de uma posição: “A mulher negra que mora nas regiões metropolitanas é a mais afetada pelo desemprego”, contou a professora.

Outra constatação é que a maioria dos jovens trabalhadores está na informalidade: dos 18 milhões de jovens que estão no mercado, 10 milhões exercem atividades informais. Em relação aos adultos, também foi observado que o desemprego entre os jovens em geral é maior.

Precário e informal

Com tantas variáveis, a professora destacou a situação geral do trabalho entre os jovens pobres no Brasil: as formas de trabalho são heterogêneas e precárias, com elevadas taxas de desemprego e informalidade, baixos níveis de renda e de proteção social.

Para conhecer mais de perto a realidade desses jovens trabalhadores, Carla Maria Cachorrano realizou uma pesquisa com 38 jovens pobres, entre 18 e 24 anos, participantes do Programa Bolsa Trabalho, na cidade de São Paulo.

As conversas e o acompanhamento dos jovens mostraram que a maioria deles trabalha por necessidade, devido à condição financeira familiar. Mas o mundo do trabalho também está ligado a ideais de independência, realização pessoal e preocupação com o futuro.

Segundo a professora, a experiência serve como base para repensar como a esfera pública pode dar suporte à juventude brasileira e abrir novas possibilidades. “O apoio aos jovens deve começar pela busca de oportunidades de trabalho, com o enfrentamento das discriminações, passando pela tentativa de melhoria da qualidade dos trabalhos, com capacitação profissional, aliada a políticas de trabalho e renda. A escola também tem que se reinventar para se tornar mais significativa na vida desses jovens, assim como os espaços urbanos de cultura e lazer”, concluiu Carla.  

Responsável pelas Informações: Superintendência de Comunicação Institucional.