EDUCAÇÃO

Grupo pró-família requer substituição de livros didáticos

Segundo requerentes, abordagem da ideologia de gênero descumpriria os Planos Municipal e Nacional de Educação

quinta-feira, 17 Março, 2016 - 00:00
Movimentos pró-família lotaram o plenário em setembro de 2015 para pedir a exclusão do tema no PME (Foto: Mila Milowski)

Movimentos pró-família lotaram o plenário em setembro de 2015 para pedir a exclusão do tema no PME (Foto: Mila Milowski)

Mesmo sem o quórum mínimo de três vereadores exigido para a abertura da reunião, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo recebeu, nessa quinta-feira (17/3), representantes de movimentos “pró-família”, que protestaram contra a adoção de material didático com referência a ideologia de gênero nas escolas de BH. Exibindo exemplares de livros e cópias das páginas que descumpririam as diretrizes dos planos municipal e nacional de Educação (PME e PNE), os grupos solicitaram a retirada dos materiais dos programas pedagógicos e a vigilância constante por parte dos vereadores.

Após deixar de abrir a reunião, com a presença apenas do colega Sérgio Fernando Pinho Tavares (PV), o presidente da comissão, Professor Wendel (PSB), comunicou a presença de representantes da Rede Estadual de Ação pela Família, convidando-os a expor suas reivindicações ao colegiado. De acordo com o parlamentar, a visita dos militantes já havia sido comunicada ao colegiado, o que determinou pelo acolhimento das demandas mesmo sem a realização “oficial” da reunião, evitando que “perdessem a viagem”.

Em nome da Rede e movimentos similares, foram apresentados aos vereadores exemplares de livros adotados em escolas públicas do município contendo referências menos ou mais explícitas à ideologia de gênero. De acordo com os denunciantes, que defendem a exclusividade da família na abordagem e orientação sobre questões ligadas à sexualidade e comportamento, diversas entidades e movimentos em defesa da família se empenharam ao máximo pela exclusão desse tema nos planos de educação, e a diretrizes aprovadas não estariam sendo acatadas por algumas instituições. Segundo Raimundo Carvalho, o movimento tem amplitude nacional e conta com o apoio das principais congregações religiosas do país.

“Vitória” do movimento

A cientista política Viviane Petinelli, que acompanhou de perto a elaboração do Plano Nacional, assegurou que muitos dos livros adotados em disciplinas como história, português, ciências e geografia, entre outras, são permeados de conteúdos que não apenas abordam, mas “valorizam e promovem” a ideologia de gênero e a erotização infantil, comprometendo o "desenvolvimento saudável” das crianças e adolescentes. Segundo ela, estudos realizados em 60 das 180 escolas da rede municipal apontam a utilização desses materiais em 47 instituições. Atendendo a um “clamor nacional”, o movimento já obteve êxito em mais de 50 municípios brasileiros.

Sérgio Fernando, que se posicionou contra a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação, também comemorou a “vitória” representada por sua exclusão dos Planos Nacional e Municipal de Educação, devida em grande parte ao apoio e à atuação desses movimentos. O vereador elogiou a condução da questão no âmbito do município, destacando a participação ativa de vereadores e grupos que encheram o Plenário (foto) e se manifestaram durante as discussões promovidas na Casa, além dos estudos técnicos e jurídicos desenvolvidos no Legislativo que subsidiaram a identificação de equívocos e a apresentação de emendas ao texto original.

Integrante da comissão, o vereador Coronel Piccinini (PSB) juntou-se aos colegas antes do encerramento do encontro e declarou-se favorável à causa, garantindo seu apoio às reivindicações apresentadas. Segundo ele, a família é a celula mater da sociedade, cabendo aos representantes do povo preservá-la ao máximo.

Requerimento

Solicitando o apoio dos vereadores da comissão, o movimento anunciou a continuidade do mapeamento das escolas que vem sendo realizado, com o registro qualitativo e quantitativo dos materiais didáticos utilizados, que deverá abranger todas as escolas do município, e pediu o apoio dos vereadores para garantir uma constante fiscalização.

Ao final, foi apresentado um requerimento a ser encaminhado à Secretaria Municipal de Educação, exigindo o recolhimento e a substituição do material didático questionado. Sem quórum para a aprovação imediata da solicitação, o Professor Wendel decidiu adiar a apreciação para a próxima reunião, que, devido ao feriado da semana santa, será realizada no dia 31 de março. Com a ampliação do prazo, o parlamentar solicitou aos requerentes que reúnam mais dados e as cópias dos outros materiais que também contêm referências ao tema, anexando-as ao requerimento e reforçando a reivindicação.

Veja o vídeo na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional