LOJISTAS INSATISFEITOS

Comerciantes da Silviano Brandão reclamam de alterações no trânsito

Mudanças implantadas pela BHTrans estariam prejudicando o acesso à avenida e afetando o comércio

quinta-feira, 18 Setembro, 2014 - 00:00
Em discussão, problemas viários na Avenida Silviano Brandão - Foto: Mila Milowski

Em discussão, problemas viários na Avenida Silviano Brandão - Foto: Mila Milowski

Os problemas sofridos pelos comerciantes da Avenida Silviano Brandão e seu entorno, na região Leste da capital, após intervenções urbanas, foram discutidos nesta quinta-feira (18/9) em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana. O vereador Leonardo Mattos (PV), que solicitou a audiência, lembrou a importância histórica e econômica do polo moveleiro da avenida, cujos representantes reivindicam mudanças viárias, principalmente após a implantação de mão-inglesa entre a Rua Capuraque e a Avenida Cristiano Machado, que teria impactado o comércio. Eles defendem a possibilidade de conversão à direita na Cristiano Machado, de quem vem do centro, para a entrada na Silviano Brandão. A Prefeitura justificou que não poderá atender a solicitação dos comerciantes, que inviabilizaria a travessia de pedestres.

A presidente da Associação do Polo Moveleiro da Silviano Brandão, Eliana Reis Faria, expôs a importância do comércio local. Segundo ela, o polo, que tem 50 anos de tradição, é o maior do país, com 200 lojas. Entretanto, a área estaria sendo tratada com descaso pelo poder público, já tendo sofrido, desde os anos 80, quatro grandes intervenções que geraram fechamento de estabelecimentos e desemprego. Com a última medida (mão-inglesa), o fluxo de veículos no local diminuiu e as 40 lojas localizadas no trecho sentiram o reflexo. Passados nove meses, 14 estabelecimentos foram fechados. A mudança também estaria causando acidentes. Faria destacou outros problemas: a avenida teria uma única saída, faltariam sinalização e permissão de estacionamento para clientes, além da imposição, pela BHTrans, de trajetos por ruas que não suportariam o peso dos caminhões que descarregam no comércio.

“Tivemos aceitação, pela Prefeitura, de 90% das reivindicações, dentre elas estacionamento de clientes e sinalização, mas faltam os 10%”, afirmou Faria, referindo-se à permissão de conversão à direita. Ela entregou à Comissão, durante a audiência, um projeto com sugestões de alterações, sendo apoiada por associações de moradores e representante da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Além disso, a comerciante cobrou agilidade na construção de uma travessia para facilitar deslocamento de pedestres de um lado para o outro da avenida e que a Prefeitura apresente um projeto de revitalização da Silviano Brandão.

Prioridade ao pedestre

O diretor de Sistema Viário da BHTrans, Edson Amorim, garantiu que as obras na avenida não terminaram, que já foi feito um disciplinamento da logística de carga na área e os horários de carga e descarga serão readequados, também permitindo estacionamento de clientes na via aos fins de semana. Sobre uma sugestão de simulação real de abertura da conversão à direita para fins de teste, ideia sustentada por Faria e pelo também representante do Polo Moveleiro Nelson Prata, Amorim afirmou que em matéria de trânsito não é possível fazer teste, pois as mudanças demoram a serem assimiladas.  Ele foi enfático quanto à proibição da conversão: “Nós estamos proibindo para dar vantagens ao pedestre”. Também salientou que a decisão surgiu de “estudos exaustivos” e foi tomada há três anos. Entretanto, se dispôs a conversar com os representantes.

Segurança pública

Eliana Faria e o coordenador da Rede Vizinhos Protegidos, Rodrigo Coelho, também reclamaram de problemas de segurança pública. Segundo Faria, foi elaborado um sistema de comércio protegido, com adesão de 87% dos lojistas. Entretanto, a Polícia Militar ainda não teria implantado a rede em parte da região. Para Coelho, as chamadas “visitas tranquilizadoras” feitas pela PM foram encerradas. O segundo-tenente da PM, Cláudio da Silva Rodrigues, afirmou que o projeto de patrulha continua ativo, faltando apenas capacitação de mais efetivo para atender a área descoberta. Ele também salientou que a PM tem escala de policiamento na região e acompanhamento do índice de crimes. Segundo ele, as ocorrências policiais vêm diminuindo na área e o batalhão do qual faz parte realiza reuniões regulares com a comunidade para aprimorar o sistema de segurança.

Encaminhamentos

A Comissão vai analisar o projeto enviado pelos comerciantes e pretende realizar novos encontros para solucionar o impasse. “As intervenções não resolveram o problema”, concluiu o vereador Mattos.

Durante a reunião, também recebeu parecer pela rejeição o projeto de lei 1007/14, em 1º turno, alterando a Lei 10.534/12, que dispõe sobre a limpeza urbana, seus serviços e o manejo de resíduos sólidos urbanos no Município. O PL acrescenta à Lei a obrigação dos responsáveis por estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços e condomínios a separação de materiais recicláveis, além da manutenção de recipientes para seu acondicionamento e armazenamento. O projeto segue para apreciação da Comissão de Administração Pública.

Assista aqui à reunião na íntegra. 

Superintendência de Comunicação Institucional