PLENÁRIAS EXTRAORDINÁRIAS

Oposição segue com obstrução cobrando respostas da Prefeitura

Nesta terça-feira (26/8), segundo dia de reuniões extraordinárias, vereadores de oposição ao prefeito Márcio Lacerda continuaram a obstruir a votação dos dois projetos polêmicos do Executivo, em pauta juntamente com o reajuste salarial dos servidores municipais. Os PLs dispõem sobre a remissão de dívidas com o Município e a PPP na gestão do Hospital do Barreiro. Ainda sem acordo entre base e oposição, nenhum projeto chegou a ser votado. A próxima reunião será na tarde desta quarta-feira (27), às 14h45.

terça-feira, 26 Agosto, 2014 - 00:00
Vereadores da oposição lançam mão de manobras regimentais para obstruir votação de projetos polêmicos

Vereadores da oposição lançam mão de manobras regimentais para obstruir votação de projetos polêmicos

No segundo dia de reuniões extraordinárias, realizadas nesta terça-feira (26/8), vereadores de oposição ao prefeito Márcio Lacerda continuaram a obstruir a votação de dois projetos polêmicos que compõem a pauta juntamente com o reajuste salarial dos servidores municipais. De autoria do Executivo, os PLs preveem a remissão de dívidas fiscais de grandes empresas e a instituição de parceria público-privada (PPP) para gestão do Hospital Metropolitano do Barreiro. A oposição solicitou a inversão da pauta para garantir a votação do reajuste mas, sem acordo com a base de governo, após mais de cinco horas de reunião nenhum dos projetos chegou a ser votado. Às 21h45, os vereadores voltaram ao Plenário, onde a segunda extraordinária do dia prosseguiu até 1h20 da madrugada. Sem chegar a algum acordo, as discussões foram transferidas para a reunião desta quarta-feira, às 14h45. 

Desde o início dos trabalhos, vereadores da bancada de oposição vêm questionando a apreciação, sem o devido debate, de dois projetos de lei polêmicos de autoria do Executivo que constam da pauta das extraordinárias, juntamente com o projeto de reajuste salarial dos servidores municipais. Os PLs prevêem a remissão de dívidas fiscais de grandes empresários, totalizando cerca de R$ 3 bilhões, assim como a instituição de parceria público-privada (PPP) para a gestão do Hospital Metropolitano do Barreiro. Com o apoio de servidores públicos que acompanharam a reunião da galeria, a oposição solicitou a inversão da pauta para garantir a votação do reajuste. Porém, sem acordo com a base de governo, após mais de cinco horas e meia a reunião foi encerrada e a pauta transferida para a reunião da noite.

“Apresentamos requerimento para que o reajuste dos servidores seja prioridade, mas a base de governo preferiu votar os outros projetos antes”, lamentou Pedro Patrus (PT). “Então não venham usar os servidores para pressionar a oposição, que vai continuar obstruindo a pauta, legitimamente”, garantiu. Vereador da base, Dr. Nilton (Pros) também solicitou aos colegas a suspensão dos dois projetos mais polêmicos a fim de priorizar o projeto do reajuste. “Trazer os servidores aqui e pôr o projeto no final da pauta não é justo”, afirmou. De autoria do Executivo, o PL 1256/14 concede 7% de reajuste aos servidores e empregados públicos da Administração Direta e Indireta do Município.

Sem acordo, a reunião foi marcada por manifestações da galeria, questões de ordem, discussões, dezenas de pedidos de verificação de quórum, requerimentos, recursos e outras manobras regimentais com o objetivo de obstruir as votações. A base condenou a postura, afirmando que a oposição estaria atrasando a votação e não estaria “a fim de trabalhar”. Juninho Paim (PT) e os outros parlamentares acusados esclareceram que o objetivo da obstrução é garantir que seja feito o debate adequado sobre os temas em pauta. Segundo eles, a Prefeitura e os colegas vereadores alinhados com seus interesses vêm agindo como “um trator”, impondo a aprovação das matérias sem o devido debate com a Casa e a população.

PPP no hospital do Barreiro

Tramitando em 2º turno, o PL 1130/14 autoriza o Executivo a conceder à iniciativa privada a administração integral do Hospital Metropolitano do Barreiro, a ser inaugurado em 2015. Os vereadores da oposição temem a medida, explicando que, no formato proposto pela Prefeitura, a administração do hospital público não estará sujeita à Lei de Transparência, seus funcionários não serão contratados por meio de concurso público e a instituição não será obrigada a fazer licitações, comprando seus remédios de forma livre, apesar de utilizar recursos públicos vindos do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Remissão de dívidas

Já o PL 1108/14 autoriza a Prefeitura a renegociar dívidas fiscais para com o município, incluindo o IPTU. Para valer-se do benefício, o devedor deve cadastrar-se em até 30 dias e fazer o pagamento à vista da dívida total dos últimos 15 anos. Para a oposição, o projeto beneficia apenas grandes construtoras e empresários que disporiam desses recursos em curto prazo. Conforme dados enviados pelo Executivo na tarde desta terça-feira (26/8), o valor total da dívida seria próximo de R$ 4 bilhões. Com a aprovação da matéria, o Tesouro Municipal estaria abrindo mão de cerca de R$ 3 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões são referentes a dívidas de grandes empresas.

Comissão processante e CPI

Questionando a falta de diálogo da Prefeitura e a recusa do Executivo em enviar informações detalhadas sobre os projetos, a oposição cobrou da Mesa Diretora que ponha em votação no plenário o pedido da bancada para abertura de uma comissão processante contra o prefeito, que estaria descumprindo a Lei Orgânica do Município ao não responder pedidos de informações solicitadas pelo Legislativo. Além disso, eles pedem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar responsabilidades sobre a queda do viaduto Batalha dos Guararapes, na Av. Pedro I, que matou duas pessoas e pôs em risco os imóveis de dezenas de famílias do entorno no último mês de julho. De acordo com os parlamentares, o requerimento já possui oito das 14 assinaturas necessárias, mas a Prefeitura estaria intimidando os vereadores da base para não apoiarem a iniciativa.

Discussão não avança

Iniciada às 21h45, após novas rodadas de manobras e discussões sobre requerimentos apresentados e questões regimentais, a 15ª reunião extraordinária foi encerrada pelo presidente quase à 1h30 da madrugada, sem que nenhum projeto tenha sido apreciado. Com o cancelamento da reunião que seria realizada no período da manhã, os vereadores voltam a se reunir às 14h45 desta quarta-feira. 

Assista na íntegra, à 14ª e  à 15ª reunião extraordinária. 

Superintendência de Comunicação Institucional