CULTURA E LAZER

Assentos marcados já são realidade em quase todos os cinemas de BH

Lei municipal que determina a venda de ingressos com assento marcado já é cumprida por quase 100% dos estabelecimentos

segunda-feira, 18 Agosto, 2014 - 00:00
Maioria das salas de cinema de BH já se adequou à Lei 10.199/11, que prevê a venda de ingressos numerados

Maioria das salas de cinema de BH já se adequou à Lei 10.199/11, que prevê a venda de ingressos numerados

Chegar duas horas antes do filme ou enfrentar correrias e empurrões para pegar um bom lugar é coisa do passado em quase todos os cinemas de Belo Horizonte. Aprovada em 2011, a lei municipal que determina a venda de ingressos com assento marcado já é cumprida por quase 100% dos cerca de 76 estabelecimentos da capital, em sua grande maioria localizados em shoppings centers. De acordo com usuários e comerciantes, a medida evita transtornos, economiza tempo e torna o programa mais agradável, além de favorecer os demais lojistas.

Segundo uma pesquisa recente do portal Filme B, especializado no setor, o público dos cinemas em Belo Horizonte é o terceiro maior do país. Em 2012, foram 5,6 milhões de ingressos vendidos, atrás apenas de Rio de Janeiro (15,6 milhões) e São Paulo (22 milhões). Originária de projeto de lei do vereador Leonardo Mattos (PV), a Lei 10.199/11, publicada em 7 de junho de 2011, obriga as salas de cinema localizadas no município a vender ingressos numerados, permitindo que o espectador escolha o assento desejado no momento da compra. Segundo o autor, a medida, que já é adotada em diversas cidades no Brasil como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Campinas, incentiva a compra antecipada do ingresso e evita filas e confusões na disputa por lugares.

A nova legislação estabelece ainda que a numeração das cadeiras seja exibida de maneira visível e em lugar de destaque. “Com este sistema, não haverá mais correria para entrar nas salas de exibição, já que o ingresso traz definido o número da cadeira que o espectador vai ocupar durante a sessão cinematográfica, proporcionando uma experiência mais adequada a suas necessidades e consequentemente mais prazerosa”, defende Leonardo Mattos.

Mesmo prevendo advertência e multas de até 50 vezes o valor do ingresso cobrado, a norma ainda não está sendo cumprida em algumas salas da capital. Em outras, ainda que a numeração do assento já conste no ingresso, sua visibilidade deixa a desejar. Segundo a fisioterapeuta Suilan Avellar, em algumas salas a plaquinha com a numeração está desgastada ou é muito pequena, dificultando a identificação por idosos ou pessoas com problemas de visão.

Maioria aprova

A maioria dos usuários questionados declarou-se a favor da norma. Autora de um blog sobre cinema e frequentadora assídua das salas da capital, acompanhada de familiares ou amigos, a jornalista Maristela Bretas (foto) elogiou a medida. “Antes da lei, até comprávamos ingressos com antecedência, mas dificilmente conseguíamos nos sentar juntos”, apontou. Para Maristela, no entanto, além da pirataria e acesso aos filmes pela internet, o alto preço dos ingressos, lanches e estacionamentos vêm afastando o público. “Hoje em dia, pegar um cineminha com meu marido, meu filho e meu sobrinho representa um gasto de mais de 80 reais”, reclamou, apontando ainda a sujeira e falta de higiene adequada em algumas salas.

“O melhor dessa lei é acabar com aquela atitude insuportável de alguns folgados que colocam bolsas e casacos em poltronas vazias, guardando lugar para outras pessoas”, acrescenta o oficial de justiça Maurélio Silveira. Cinéfilo assumido, ele reclama, no entanto, que o principal problema nas salas da cidade ainda é a falta de educação e o comportamento inadequado do público. “E o mais desanimador é que esse tipo de atitude é até mais frequente nos shoppings considerados mais ‘selecionados’”, observa.  A queixa foi repetida pela professora estadual Isa Catarina, que costuma ir ao cinema pelo menos uma vez por semana. “Tinham de fazer uma lei pra proibir baderna, gritaria e piqueniques dentro dos cinemas”, sugeriu.

O estudante Cristiano Otávio, que frequenta especialmente os cinemas do BH Shopping e Pátio Savassi, aponta como principal benefício o fato de não ter de chegar muito antes da hora e enfrentar filas para disputar os melhores lugares. “Dá tempo de tomar um lanche, olhar vitrines ou comprar alguma coisa que preciso”, comemorou a auxiliar de escritório Regina Célia Loreto (foto), após adquirir seu ingresso no terminal de autoatendimento no Boulevard Shopping. Com quase 100% dos cinemas atualmente localizados dentro dos shoppings, a vantagem para os demais lojistas também foi apontada pelo jornalista Benny Cohen. “A medida acaba por beneficiar os outros comerciantes também, pois quem chega antes da hora pode aguardar na praça de alimentação ou passeando pelas lojas”, pontuou.

Apesar dos elogios, existem usuários que apontam desvantagens da medida. “Com esse negócio de lugar marcado as pessoas acham que podem chegar em cima da hora, ou mesmo atrasadas, já que seu lugar estará garantido de qualquer maneira. Isso é muito desconfortável – por vezes, o filme já começou e há grandes grupos de pessoas ainda entrando, passando por sua frente e desconcentrando os outros”, reclama a artista plástica Lívia Ponde.  

Fiscalização

De acordo com a Lei, cabe à Prefeitura fiscalizar e garantir o cumprimento da Lei 10.199/11 no município. Questionada pela reportagem sobre a ocorrência de ações de fiscalização, resultados e eventuais autuações, a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização informou que a fiscalização é realizada mediante demanda, e que até este momento não há registro de denúncias recebidas pelo órgão.

Superintendência de Comunicação Institucional